Euclydes Lacerda de Almeida: Marcelo Ramos Motta. Ordo Templi Orientis, Frater Luceo in Tenebrea, Thêlema no Brasil, Preamenstrator, Cancellarius, Imperator

MARCELO RAMOS MOTTA: UM ENIGMA

Euclydes Lacerda de Almeida / Frater Luceo in Tenebrea



[Photos at the right by Oscar R. Schlag.]
Society Ordo Templi Orientis Marcelo Ramos Motta Society Ordo Templi Orientis Marcelo Ramos Motta

INTRODUÇÃO


Quem  ouve   falar  de   Marcelo  Ramos  Motta,  um  meticuloso  e
extremamente exigente  Instrutor da AA, e que indubitavelmente foi
o iniciador de Thêlema no Brasil, não consegue imaginar o quanto a
trajetória deste homem influiu no pensamento thelêmico mundial.
Como legítimo  membro da  AA, Marcelo  Ramos Motta, treinou v rios
estudantes no  Brasil, entre  os quais  encontrava-se Frater T.*1,
que permaneceu  sob a  Baqueta de  Frater  E  durante  treze  anos
consecutivos  (1961/1974),  seguindo  posteriormente  seu  próprio
caminho,  mas   sempre  procurando   manter-se  dentro   da  linha
desenvolvida por  de seu  Instrutor, honrando, assim, sua Linhagem
Sucessória. A  partir de 1974, Marcelo Motta começou a mostrar uma
peculiar transformação em seu car ter.
Mesmo  os  seus  mais  íntimos  colaboradores  não  escaparam  das
funestas consequências  desta  mudança.  Não  demorou  muito  para
surgirem atritos e cismas no grupo formado.
Ao que  parece, o grande erro de Marcelo Motta, foi tomar sobre si
próprio  todos   os  Cargos  Oficiais  da  Ordem  (Preamenstrator,
Cancellarius,  Imperator),   alijando   continuamente   candidatos
capacitados para  os mesmos.  O acumulo  de responsabilidade  e  a
natural pressão  que um  Iniciado recebe sobre sua pessoa, eclodiu
naquela mudança radical.
O  processo  da  bizarra  transformação  crescia  a  cada  dia  e,
aproximadamente em  1980,  o  transformou  num  homem  amargurado,
irascível, e altamente rude.
Muitos de  seus discípulos  retiraram-se de  um ativo envolvimento
com ele;  outros  retiraram-se  ao  silêncio *2,  enquanto  outros
perduraram na  vã esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil.
Viriam posteriormente seguir os passos dos anteriores.
Nesta época, a polêmica figura de Marcelo Motta, somente conseguia
angariar inadequados candidatos … iniciação na O.T.O.*3 Indivíduos
visivelmente inclinados  a uma  personalidade fan tica: um reflexo
daquela que agora o líder apresentava.
Tal fanatismo (ou paranóia) chegou a tal ponto que, na Inglaterra,
um desses  discípulos tramou  explodir a  livraria  de  antigos  e
conhecidos editores  britƒnicos (Routledge  & Kegan), simplesmente
porque Marcelo Motta estaria aborrecido com eles. (Este estudante,
erradamente, quase  destruiu uma  outra livraria.  Preso,  veio  a
falecer na prisão.
Mas nem  a O.T.O., nem a AA, e nem o Ocultismo em geral, podem ser
responsabilizados por  estes exageros. Nem mesmo o próprio Marcelo
Motta pode  ser apresentado  como culpado.  É da natureza humana o
erro, o  desequilíbrio, etc.; principalmente nesta fase tumultuada
da Evolução  Humana. A  existência do  erro, do  engano, ou  de se
deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, somente ser  evitada
com extrema auto-vigilƒncia.
Não h   iniciado que  não corra  o risco  de ser  envolvido  desta
maneira por sua parte negativa, advinda do veículo grosseiro ainda
não equilibrado. Porém, como dito por alguns: São ossos do ofício.
Em  nenhuma   Ordem  ou  Sistema  realmente  eficiente,  estar   o
Estudante protegido de tal perigo intrínseco … própria natureza da
Iniciação a  Real Iniciação  mexe com a estrutura física, mental e
espiritual do  Candidato. Ela  atua diretamente  nos Chakras.  Por
isto, todo  trabalho m gico-místico contém em si um grande perigo,
o perigo do desequilíbrio.*4 A linha que separa o Iniciado do Louco
é bastante tênue.
Deve parecer paradoxal de como um legítimo membro da Grande Ordem,
possa cair numa situação deste tipo.
Existem duas  explicações razo veis do problema, mas não absolutas
ou definitivas.
Basta que  se estude  os pontos  cruciais da  Carreira Inici tica,
particularmente a  Passagem pelo  Véu de  Paroketh,  e  aquele  do
Juramento do Abismo.
Qualquer homem  ou mulher  (mesmo um  profano,  que  por  qualquer
motivo o  venha conhecer  O Juramento  do Abismo),  tem o  sagrado
direito de  tomar o  Juramento, a  qualquer momento de sua vida, o
qual é o mais sério de toda carreira inici tica.
O Estudante  julgando-se pronto  para este  Juramento, pode tentar
aquela atravessia,  sem que  na realidade seteja o bastante maduro
para tal*5.  É uma ilusão que toma de assalto o ego. Isto acontece
e continuar   a acontecer a todos que, em um momento de suas vidas
inici ticas, perdem  a auto-crítica.  O fenômeno  pode ser ativado
por alguma  ilusória visão  ou  evento  místico-m gico  que  venha
massagear o  ego do  Estudante, dando-lhe a falsa impressão de ter
atingido certo  elevado grau  dentro da  Hierarquia, isto  é,  ele
supervaloriza a  visão e  o evento  que podem  ser tão  somente  a
projeção de  um  turbilhão  astral  provocado  por  suas  pr ticas
intensas. Desta maneira assume inadvertidamente o Juramento*6. Não
podemos condena-lo  por tal  equívoco. Enquanto  que por um lado a
assunção do  Juramento revela  um ato  de coragem, por outro, e na
maioria das  ocasiões, revela  um ato  de temeridade presunçosa. O
problema se  torna por  demais complexo  para ser aqui explorado a
contento. Mas,  como escrito  em Liber  Librae: Não  te apresses a
condenar os outros; como saber se tu no lugar deles resistirias …s
tentações? E  mesmo que  tu fosse  mais  forte  que  eles,  porque
desprezar …queles  que são  mais fracos  que tu?  Este ensinamento
deveria ser  observado e  sempre mantido  na  mente  do  Estudante
desejoso  em   seguir  correta   e  equilibradamente  a  Senda  da
Iniciação.*7
O grande problema contido no Juramento do Abismo est  explícito em
Liber Samech  ... se  restar inabsorvido  um só   tomo que seja do
falso ego, aquele  tomo mancharia a virgindade do Verdadeiro Ente,
e profanaria  o Juramento;  então aquele   tomo seria inflamado de
tal forma pela aproximidade do Anjo que venceria o resto da mente,
tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco
Não podemos afirmar que um tal desastre ocorreu com Marcelo Motta.
Mas também não podemos descartar a hipótese.
A Segunda explicação seria que Marcelo Motta, desde criança, fosse
portador de  qualquer  distúrbio  mental.  talvez  provocado  pela
dominadora influência  de sua  mãe.  Ele  mesmo  admite  isto  aos
declarar em  Chamando Os Filhos Do Sol: Eu continuava masturbando-
me periodicamente,  e sentia que intuitivamente que minha presença
no trabalho  de loja (da FRA) era, em tais condições, indesej vel.
E mais: ... eu era m gicamente dominado por minha mãe .... que era
donzel anos  após a  puberdade; que tinha receio das mulheres; que
me entregava  … masturbação;  e que,  enfim,  meu  desenvolvimento
emocional, devido  ao laço  m gico com  minha mãe  (chamado  pelos
psicólogos profanos de Complexo de Édipo), estava retardado v rios
anos. Para Iniciados do Santu rio da Gnose, isto torna-se bastante
claro. Para  outros, deveriam  consultar Magick  Without Tears, no
Capítulo Amor de Mãe.
Mas existe  uma outra hipótese, a qual não discutirei aqui. Ela j 
foi, e por v rias vezes, ventilada em outros trabalhos.

____________________
1  Algumas referências a este Estudante encontram-se em CARTA A UM
   MAÇÃO e THELEMIC MAGICK (1987).
2  Entre estes destacamos Frater T.
3   A organização de Marcelo Motta é agora conhecida como S.O.T.O.
   A S.O.T.O.,  após a  morte de  Marcelo Motta  fragmentou-se  em
   v rias outras:  Fundação Parzival XI, H.O.O.R. e Sociedade Ordo
   Templi Orientis Internacional.
4   A única  maneira de  evitar tal perigo, é o Estudante manter o
   senso de  perspectiva, de bom senso, e seguir criteriosamente o
   currículo de  seu grau e do Sistema ao qual se ligou. Isto pode
   ser traduzido  da seguinte maneira: se você ligou-se ao Sistema
   Thelêmico, não  execute pr ticas  de  qualquer  outro  sistema;
   mesmo que  estas lhe  pareçam mais eficientes ou atrativas. Não
   misture alhos  com bugalhos.  Jamais julgue-se perfeito. Haver 
   algum ponto onde você necessita se fortalecer. Jamais se julgue
   estabelecido em  determinado grau,  a não  ser que  você  tenha
   absoluta certeza disto, através uma série de auto-testes.
5  Que o diga o Sr. Paulo Coelho.
6  Não é necess rio qualquer ritual específico para isto; e nem se
   retirar para  o deserto,  basta pronunciar  o Juramento  com  a
   devida intenção.
7  Aqui existe um flagrante choque com o Livro da Lei.


MARCELO RAMOS MOTTA: UM ENIGMA


A Primeira  parte deste trabalho é constituída de rápidos "flashs"
da vida  de Marcelo  Ramos Motta.  Na Segunda  parte respondemos à
questões elaboradas  por vários  interessados -  pessoas que não o
conheceram pessoalmente,  mas que, por um motivo ou outro, sentem-
se atraídas pelo trabalho de Marcelo Motta.
A Terceira  parte consta  de um  relato  de  Euclydes  Lacerda  de
Almeida, do  período (1962  a 1975)  em que  conviveu com  Marcelo
Motta, na  qualidade de  seu discípulo  e, de  certa forma,  amigo
pessoal.
Na Quarta  parte, também  sob a visão de Euclydes Lacerda, teremos
um histórico dos acontecimentos compreendidos entre 1975 a 1987.
Ò um  trabalho dirigido  no sentido de estudar as "relações" entre
Marcelo Motta  (e outros)  e a  oligarquia thelêmica, iniciada por
volta de  1987, vistas através de um homem que participou de todos
os eventos ocorridos no Brasil.
Embora  em  choques  doutrinários,  as  duas  facções  antagonicas
parecem defender  os mesmos  interesses, isto  é, os interesses do
Sistema Thelêmico  visto como  um bloco,  do qual  as duas facções
seriam simplesmente  derivações, numa expressão de grupos de poder
regional.
Espera-se também  possibilitar uma maior precisão nas constatações
feitas sobre  este período,  ainda muito  gerais e  insuficientes,
ajudando a  dar um  pequeno passo na elaboração constante e sempre
renovável da realidade histórica.
A época estudada é vista como um período durante o qual existia no
Brasil um  movimento não  muito bem definido e quase não conhecido
pela maioria  dos ocultistas  deste país.  Um movimento em fase de
gestação. Um  embrião que  deveria crescer, criando as necessárias
condições para  que o  Sistema Thelêmico  se apresenta-se  de  uma
maneira pura  e não distorcida, como infelizmente veio a acontecer
para prejuízo de todos.

INTERREGNO


Em 1976,  Marcelo Motta  publicou no  Brasil o seu "EQUIONÒCIO DOS
DEUSES", Vol.  I N.1. Em "Nota Final" do referido livro (pag.154),
aparece uma  informação a  respeito de Euclydes Lacerda de Almeida
(Documento  nos   arquivos  da   S.N.Ae).  Assim,   iniciaram   as
atribulações dele  até hoje.  E nenhuma  voz  levantou-se  em  sua
defesa. Jamais,  em tempo  algum, Marcelo  Motta e seus seguidores
lhe deram  o sagrado  direito de  defesa contra  as acusações  ali
escritas.
Agora, passados 11 anos, é o momento da resposta.
Tornou-se crença geral que Euclydes foi expulso da O.T.O., isto é,
do Ramo criado por Marcelo Motta.
Todavia, para  surpresa de  muitos na  "Nota Final" inserida em "O
EQUINÒCIO DOS DEUSES" jamais esteve escrita a palavra expulso, mas
sim suspenso.  E mais  à frente  é dito  que  "ante  a  suspensão,
Euclydes, obcecado pelo ego pediu demissão da Ordem" (que Ordem?).
Nós desafiamos  qualquer pessoa  a mostrar  publicamente  a  prova
deste pedido  de demissão,  seja da  O.T.O., seja  da A\A\, ou
seja mesmo  da S.N.Ae. - simplesmente porque não houve este pedido
de demissão. E jamais existiu.
Mesmo não  sendo um  estudioso e  profundo  conhecedor  da  língua
Portuguesa, dá  para  saber  que  suspensão  não  é  o  mesmo  que
expulsão.   Suspensão    significa   uma    punição   disciplinar,
constituindo-se  em   afastamento  temporário  do  infrator  assim
penalizado. Por esta razão o próprio Marcelo afirma, em sua carta,
acima citada,  que Euclydes  estaria 'banido'  da O.T.O. por cinco
anos.
Por expulsão compreende-se o afastamento compulsório e definitivo,
sem chance  de retorno,  causado por grave delito. Por outro lado,
demitir-se,  traduz   um  ato   livre  e  de  expontânea  vontade.
Classificar-se este ato como indício de obsessão egoica é, segundo
pensamos, ir  superficial  e  demasiadamente  longe  numa  análise
psicológica e  mesmo mágica  -  sobretudo  quando  não  houve  tal
pedido. De  qualquer maneira,  pelo deduzido  do  texto,  Euclydes
jamais foi  expulso da  Ordem, mas  sim suspenso.  Ò  o  que  está
escrito e  "Nota Final",  pagina 154, de "O EQUINÒCIO DOS DEUSES",
Vol. I N.1.
Nesta mesma "Nota Final", várias questões permanecem "no ar".
Primeira: Qual o motivo da suspensão?
Muito vagamente  é ali  declarado ter  sido por  "má conduta", sem
determinar que  tipo de  má conduta  foi este. Segundo: Ò revelado
crua e  cinicamente que,  após pedir  demissão, Euclydes, procurou
ligar-se à  Kenneth Grant  (gravem bem  esta afirmativa.  Será  de
grande importância  para compreensão de toda trama armada pelo Sr.
Marcelo Motta),  "cujo  endereço  lhe  fora  dado  (  a  Euclydes,
naturalmente - Documento nos arquivos da S.N.Ae) como parte de uma
ordália". Isto  foi  escrito  em  1976.  Terceiro:  A  Notificação
termina com  grave acusação  à Kenneth  Grant, e  que Euclydes  se
utilizara de  "documentos nem  de sua  propriedade e  nem  de  sua
autoria". Isto,  em bom  Português  quer  dizer  simplesmente  que
Euclydes plagiou  escritos de  Marcelo Motta.  A  determinação  de
quais documentos  foram estes,  como, e  para que, foram plagiados
não é dito.
No devido  tempo, tanto  esta questão,  quanto as anteriores serão
devidamente analisadas  e esclarecidas, e todos poderão decidir da
falsidade ou não das afirmativas.
Observando-se  detidamente  a  "Nota  Final",  encontramos  outras
inacuridades. A  mais gritante sendo aquela, induzida no texto, da
existência de  uma O.T.O.  devidamente formada  e  funcionando  no
Brasil. Marcelo Motta induz esta inverdade aos leitores. A verdade
sendo outra:  Na época (1975), não existia uma O.T.O. funcionando
no brasil,  nem mesmo  o suposto  Ramo criado  posteriormente  por
Marcelo, e muito menos aquela que surgiria muito depois sob o nome
de S.O.T.O.  - sigla  pela qual  a "organização mar ana" tornou-se
conhecida após  os eventos  desenvolvidos nos  Estados  Unidos  da
América (Corte  Californiana). Esta sigla, S.O.T.O., constituiu um
artifício usado  na Corte  da Califórnia  para distinguir a O.T.O.
McMurtryana daquela  de Marcelo Motta. Quanto a esta sigla fazemos
em seguida uma série de observações sob exclusivo caracter mágico.
Torna-se evidente  a  qualquer  iniciado,  mesmo  nos  graus  mais
humildes, que  a "mudança" do NOME da Ordem, e consequentemente de
sua sigla, altera profundamente o sentido oculto do Nome Original.
A sigla  O.T.O. possui  um significado  secreto para quem sabe ler
nas entrelinhas,  e não  será qualquer  iniciado, mesmo aqueles de
graus elevados,  que poderá  mudá-lo ao impulso de seus interesses
particulares.  Torna-se   evidente  que   qualquer  acréscimo   ou
supressão de  uma simples  letra altera  significativamente  o  or
numérico (  qabalistico, por  assim dizer  ) e  o  sentido  mágico
correspondente. O  mais conhecido  exemplo desta chave qabalistica
encontramos no  Antigo Testamento,  quando "Deus"  muda o  nome de
ABRM (Pai  de Elevação)  para ABRHM  (Pai de  Multidão) e  de  SRI
(Nobilidade) para  SRH (Princesa) - veja-se Gênesis 17. 5 -15. Foi
um grande  erro mágico  de Marcelo Motta ter aceito a "mudança" do
nome de  sua Organização.  Assim, ele aceitou magicamente a pseuda
autenticidade da  O.T.O. McMurtryana.  Em outra  parte deste livro
daremos mais alguns esclarecimentos quanto ao assunto.
A nte o exposto no capítulo anterior, poderíamos dar por encerrado
a análise  quanto a  "Notificação" contida  em  "O  EQUIN-CIO  DOS
DEUSES". A  conclusão sendo  que Euclydes  JAMAIS FOI  EXPULSO  DA
O.T.O., mas  sim SUSPENSO,  QUE Ò COISA BEM DIFERENTE. Entretanto,
vimos que  nem mesmo  suspenso poderia  ele ser, pois é impossível
alguém ser  suspenso, ou  expulso,  ou  mesmo  demitir-se  de  uma
organização inexistente.  Este simples  e  claro  fato  derruba  a
"Notificação" em  "NOTA FINAL"  do, assim  chamado, EQUINÒCIO  DOS
DEUSES - Vol. I N.1.
Porém, devemos  ir mais  adiante  em  busca  de  mais  provas  das
inverdades contidas  em NOTA  FINAL. Urge  uma  resposta  ampla  e
clara. Afinal foram longos anos, durante os quais, uma mentira foi
oferecida ao  público, como se verdade fosse. Foram longos anos de
acusações e  difamações as  mais descabidas, assacadas não somente
contra Euclydes,  mas também  contra muitos  outros, entre vivos e
mortos. Nós  comemos a amarga fruta da árvore plantada por Marcelo
Motta. Chegou  a hora dos que a regaram engolirem o bagaço caroço.
Que se  cuide aquele que tiver garganta estreita.. Isto é dirigido
à  todos  aqueles,  que  conhecedores  da  verdade,  a  mantiveram
escondida. Sejam  eles,  agora,  membros  de  quaisquer  Ramos  da
O.T.O., ou  de outras organizações surgidas no mundo, e se dizendo
Thelêmicas.
Constitui um  ato  de  Justiça,  não  de  vingança,  uma  ampla  e
definitiva  resposta  às  acusações  lançadas  contra  nós,  reais
iniciadores da  O.T.O. no  Brasil. Urge  uma satisfação a todos os
Irmãos e  Irmãs. Ò  direito  deles,  e  nosso,  que  todos  saibam
exatamente o  ocorrido, e  o que  ocorre com  a O.T.O.  no Brasil.
Necessitamos  ir   fundo  e   desenterrar  os  reais  motivos  das
"expulsões sacramentadas"  aqui em  nossa terra.  Devemos ( e isto
deveria ter  sido feito  há muito  tempo )  analisar o assunto com
toda seried  e atenção  que  merece,  nada  permitindo  passar  em
branco.  Retirar   as  mínimas  dúvidas,  as  quais  ainda  possam
permanecer nas  mentes e  corações de  todos  os  interessados  em
Thelema em  geral e  na O.T.O. em particular - mesmo que em certos
momentos desta  análise tenhamos  que  expor  nossas  fraquezas  e
erros.
Infelizmente para os Membros da S.O.T.O., e para membros de outras
tantas  organizações,   ditas   Thelêmicas,   existe   uma   vasta
documentação mostrando  a realidade  dos  fatos,  dos  ardís,  das
inverdades e  das profanações  que vêm  sendo perpetuadas ao longo
desses anos.
Perdidos em  uma megalomania monstruosa, membros de várias O.T.Os.
não consideraram  o fato de que nós, e outros mais, pudéssemos nos
erguer do charco ao qual fomos lançados e, nos limpando, surgirmos
como a  Phoenix da  lenda. Também  servirá de  aviso àqueles,  que
futuramente, tentarem outro tipo de trama contra Reais Thelemitas.
Ò   necessário    que   todos   compreendam   até   onde   vai   a
irresponsabilidade e  o atrevimento daqueles, que se dizendo Frati
Superiores, O.H.Os., Caliphas, etc., tentam ludibriar a todos ntos
procuram uma Verdadeira Ordem Iniciática.
Considerem, agora,  o dito em "NOTA FINAL": que ao "pedir demissão
da Ordem" (de qual Ordem?), Euclydes "procurou ligação com Kenneth
Grant, cujo endereço... etc., etc."
Euclydes  não   procurou  ligar-se  à  Kenneth  Grant  (  não  era
necessário :  ele já  ligara-se ao  inglês através  Marcelo Motta,
quando este,  em carta  datada de  10 de  dezembro  de  1971,  diz
textualmente: "O  Rei Mundial (ou Cabeça Externa) da O.T.O. chama-
se Kenneth  Grant e  seu endereço  é..." Em  1973, ao  conferir  a
Patente de  Grão Mestre  dos Três  Primeiros  Graus  da  Ordem  no
Brasil, Marcelo confirma o dito anterior e, neste mesmo ano (19 de
maio) reafirma categoricamente o "status" do inglês: "Eu reconheci
utoridade de Mr. Grant".
A "estória"  da ordália  é uma  mentira deslavada.  Uma  forma  de
justificar a 'suspensão" de Euclydes da Ordem.
Aqui surge uma questão importante: Qual o motivo desta obsessão de
Marcelo ver-se  livre de  Euclydes (  e de outros, futuramente?) A
resposta  tornar-se-á   evidente  no   transcorrer   das   páginas
seguintes.
Observe-se também  que  a  carta  de  1971  dirige-se  a  Euclydes
Lacerda, não  a Frater  Zaratustra. Euclydes  era,  na  época,  um
simples interessado  em Thelema e na O.T.O.. O que vem a ser isto?
Ò bastante  simples: Você  não pode impor uma ordália sobre alguém
que, sequer,  assinou Juramento.  Isto é,  nenhum profano, que não
haja feito  o formal  pedido de  ingresso na  Ordem (  em qualquer
ordem), e  que não  tenha assinado  o Juramento, pode ser posto em
prova. Esta  era a  posição de  Euclydes em  1971. Ele, como qualq
outro cidadão,  estava tão  somente trocando  correspondência  com
Marcelo Motta.  E, como  este último havia declarado, em 1964, não
possuir Patente  (ou  permissão)  para  trabalhar  com  a  O.T.O.,
evidentemente enviou seu correspondente à Kenneth Grant.
Agora, se  por outro  lado, Marcelo Motta, sabia que Kenneth Grant
NÒO ERA  o Cabeça  Externa, e  que havia  sido expulso da Ordem em
1955, então,  Marcelo Motta  cometeu uma grande blasfêmia contra a
Ordem e  manteve esta blasfêmia durante todo tempo até 1975, coisa
que preferimos  não acreditar. Mas caso isto seja afirmativo - que
ele sabia  da situação  do inglês perante a Ordem - demonstrou uma
monstruosa falta de ética e moral iniciática.
As inacuridades daquele homem não ficaram só nisto. Verifiquem que
a carta,  datada de  1975, dirige-se  à Frater T., não à Frater Z.
Isto é  importante porque Frater T. nada tinha a ver com a O.T.O.,
ou com  a S.N.Ae.  Frater T. era um Irmão da A\A\ e, como tal,
completamente alheio ao Trabalho da outra Ordem.
Outra interessante  falha de  Marcelo Motta  está em  que ele,  na
página 153  da "Nota  Final" (Equinócio dos Deuses) declara que "é
responsável pelo  trabalho da  O.T.O. no  Brasil, com  PATENTE  de
SATURNUS X".  Mas que  Patente? Não  afirmara ele  mesmo  que  tal
Patente jamais  lhe chegou  às mãos?  Se ele a tinha em seu poder,
então  porque   afirmou  ao   contrário?  Por  que  ele  jamais  a
apresentou???
Nesta mesma  página (Nota  Final) ele  confirma  que  nos  Estados
Unidos da América "Mr. Grady McMurtry é "Chefe de Loja e recebeu o
IX O.T.O.  diretamente de  BAPHOMET XI,  tendo sido confirmado por
SATURNUS X. E que também Mrs. Helen Smith..."
Está mais  do que  claro que  isto foi  escrito em  1976, antes de
Marcelo Motta  se indispor com estas pessoas. Tão logo aconteceu o
rompimento entre  elas,  imediatamente  ele  ordenou  suprimir  as
página do  livro onde  apareciam estas afirmativas que, no mínimo,
dariam respaldo aos seus, antes aliados, agora inimigos. E, por um
desses "acasos"  da vida,  a página  153 é  a outra  face da folha
contendo  a   página  154,  onde  noticiava-se  a  "suspensão"  de
Euclydes. Conclusão:  nas edições  mais recentes  de "O EQUINÒ DOS
DEUSES" a  tão falada  "expulsão" desapareceu  juntamente  com  as
informações da expulsão de Kenneth Grant e suspensão (1963) do Rei
Suíço, Joseph Metzger.
Se leitores  tiverem a oportunidade de adquirir "THE EQUINOX" Vol.
V No.4  ( editado  por Marcelo Motta nos Estados Unidos da América
em 1981)  leiam o  EDITORIAL. Ali  encontrarão novamente o nome de
Euclydes Lacerda:
"Euclydes de Almeida: once a neophyte under Marcelo Motta. Charged
with registering  the O.T.O. in Brasil, tried to register it under
his own  name. Expelled from the O.T.O.. got in touch with Kenneth
Grant and  tried to  set himself  up as  representing the  same. A
court order  was issued:  didi not try to appeal. Cut contact with
the A\A\"
Jamais, em  tempo algum,  Marcelo Motta,  foi tão  infeliz em suas
declarações. Nada do ali escrito corresponde à verdade. Ò pena que
um livro  (693 páginas)  tão bem  elaborado, tenha sido usado para
tamanhas inverdades.
1. Jamais,  em tempo  algum, Euclydes  tentou contato  com Kenneth
Grant. Ele  já estava  em contato  com o  mesmo através  o próprio
Marcelo Motta.
2. Euclydes  jamais tentou  registrar a  O.T.O. em  seu nome.  Ele
registrou a  S.N.Ae. da  qual é  o Supervisor Geral até os dias de
hoje (Documento nos arquivos da S.N.Ae). Se ele quisesse registrar
a O.T.O., isto teria sido fácil. Marcelo é quem a registrou.
3. Euclydes jamais tentou colocar-se como representante de Kenneth
Grant. Ele  o representou,  no Brasil,  durante 15 anos (Documento
nos arquivos da S.N.Ae).
4. Jamais  Euclydes pediu  desligamento da  A\A\. Tanto isto é
verdade que recentemente, em contato com Mr. Starr, este confirmou
que o nome de Euclydes constava na Chancelaria da Ordem.
Neste  Editorial,   finalmente,  aparece   a  palavra   "expulsão"
(expelled) da  O.T.O. Isto  porque, na  época, Marcelo Motta havia
registrado a  Ordem no  Brasil. Agora sim, ele podia expulsar quem
quisesse. Entretanto, assim o fazendo caíu em outro paradoxo. Como
expulsar Euclydes  de S.O.T.O. se Euclydes jamais pertencera a uma
tal organização?

MARCELO MOTTA ALGUMAS APRECIAÇÒES


Como legítimo  membro da  A\A\, Marcelo  Motta treinou  vários
estudantes. Frater Aster estava entre estes até o ano de 1975. Mas
mesmo  os   iniciados  naquela   Ordem  não   escaparam   da   ira
injustificada de  Marcelo, e  não demorou  muito  a  serem  também
acusados  de   falhas  em  ordálias  so  existentes  na  mente  do
Instrutor. Uma mente antes brilhante, agora atormentada. Seu maior
erro no  que toca  à A\A\  foi tentar acumular todos os Cargos
Oficiais da  Ordem  (Preamonstrator,  Cancellarius,  Imperator  ),
aliando continuam ente candidatos capacitados para os mesmos.
O processo  da bizarra  transformação de  Marcelo Motta crescia e,
aproximadamente em  1980, tornou-se  um homem  perigoso. Muitos de
seus estudantes  retiraram-se de  um ativo  envolvimento com  ele;
outros retiraram-se  ao silêncio, enquanto outros perduraram na vã
esperança de  uma mudança  do quadro.  Tudo inútil:  viriam depois
seguir os passos dos anteriores.
Nesta época  a polêmica  figura dele  somente  conseguia  angariar
inadequados candidatos  à iniciação  tanto  na  O.T.O.  quanto  na
A\A\. Indivíduos  visivelmente inclinados  a uma personalidade
fanática. Desvio  este chegando a tal ponto que, na Inglaterra, um
deles tramou  explodir a livraria de antigos e conhecidos editores
britânicos (Routledge & Kegan), simplesmente porque Marcelo estava
"aborrecido"  com   eles.  (Este   estudante,  erradamente,  quase
destruiu uma  outra  livraria.  Preso,  veio  a  falecer  p  tempo
depois).
Todo este  caótico  quadro  representa  uma  deplorável  parte  da
herança que Marcelo Motta deixou para vários grupos (atualmente se
digladiando)  formados  a  partir  da  auto  proclamada  "única  e
verdadeira O.T.O.",  e que  vem recrudescendo  após a morte de seu
idealizador,  liderados   por  incapazes  que  somente  conheceram
Marcelo Motta em seus piores dias.
Mas nem  a O.T.O.  nem a  Grande Ordem,  nem o  Ocultismo em geral
podem ser  responsabilizados por  estes desvios.  Nem mesmo  Motta
pode ser  apresentado como  culpado. Ò  da natureza humana o erro.
Principalmente nesta  fase de sua evolução a existência do engano,
ou de  se deixar  levar pela ilusão de um inflamado ego, é difícil
de ser evitada.
Não há  iniciado que  não corra  tal risco.  Em nenhuma  ordem  ou
Sistema ele  estará protegido  de tal perigo intrínseco à natureza
da Iniciação. Pode parecer paradoxal ao leitor como Marcelo Motta,
um legítimo membro da A\A\, tenha chegado a uma situação deste
tipo.
Existem duas explicações plausíveis.
Basta que  se estude  os pontos  cruciais da  Carreira Iniciática,
particularmente o Juramento do Abismo.
Qualquer homem  ou mulher  tem o  direito sagrado  de  tomar  este
Juramento, o qual é o mais sério de toda carreira iniciática.
O Estudante,  julgando-se pronto, pode tentar aquela travessia sem
que na  realidade esteja  no "ponto" devido. Ò uma ilusão que toma
de assalto  o ego.  Isto acontece e continuará a acontecer a todos
que, em  um momento  de suas  vidas iniciáticas, perdem a noção de
perspectiva. O  fenômeno é  ativado por alguma "visão" ou "evento"
místico-mágico que  dá ao  estudante  a  falsa  impressão  de  ter
atingido um  certo grau  elevado dentro  da Hierarquia. Assim, ele
assume inadvertidamente  o Juramento.  Não se pode con -lo por tal
equívoco. Enquanto  que por  um lado  a assunção  do Juramento  do
Abismo revela  um ato  de coragem,  por outro, em muitas ocasiões,
revela um  ato de  temeridade.  O  problema  torna-se  por  demais
complexo para  ser aqui explorado a contento. Mas, como escrito em
Liber Librae:
"Não te  apresses a  condenar os outros; como saber se tu no lugar
deles resistirias  às tentações?  E mesmo  que fosse tu mais forte
que eles, porque desprezar àqueles que são mais fracos que ti? "
Este ensinamento deve ser observado à risca por quem deseja seguir
corretamente a Senda da Iniciação.
O grande problema contido no Juramento do Abismo está explícito em
LIBER SAMECH:
"... se  restar inabsorvido  um só  átomo que  seja do  falso ego,
aquele  átomo   mancharia  a  virgindade  do  Verdadeiro  Ente,  e
profanaria o  Juramento; então aquele átomo seria inflamado de tal
forma pela  aproximidade do  Anjo que  venceria o  resto da mente,
tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco"
Não se  pode perder  de vista  a correta  divulgação  de  Thêlema,
encobrindo o  que se  passou de  fato no Brasil. Mesmo que a causa
desta desvirtuação  tenha tido  sua origem em Marcelo Motta, ou em
Frater A., ou em qualquer outro. Esconder a verdade dos fatos como
realmente aconteceram seria injusto com aqueles que tanto deram de
si mesmos  nos primeiros  anos, ou mesmo atualmente, em prol de um
conhecimento mais  amplo da  natureza do  homem, e do seu lugar no
contexto universal.
Discordar dos  outros Sistemas  de  Consecução  Espiritual  e  das
pessoas que  os adotam  é uma coisa bem diferente de injuria-las e
condena-las  por   este  motivo.   Verdadeiros  Thelemitas  jamais
tomariam uma  tal posição...  a não  ser  que  estejam  loucos  ou
iludidos pelo  ego inflamado.  Thelemitas lutam  pela liberdade de
cada um  seguir o  caminho que  sua Vontade comandar. Mas percebam
que esta  Vontade se escreve com "V" maiúsculo. Lembrem-se do Lema
Thelêmico. Mas nós também nos reservamos o direito de combater qua
r tipo  de velhacaria,  engano, malícia, etc., pois não são coisas
que uma Verdadeira Vontade deseja.
Frater A.  tem sido questionado, particularmente por estes tardios
discípulos de  Marcelo Motta  transformado, quanto à autenticidade
da S.N.Ae. como uma genuína representante do Soberano Santuário da
Gnosis. Sem dúvida é um direito deles assim questionarem. Contudo,
baseiam-se eles  na idéia  de ter  sido Frater  A.  o  responsável
direto e  único do fracasso de Motta em sua tentativa frustrada em
concretizar sua ambição pessoal de tonar-se O.H.O. da Ordem.
Agora perguntamos:  como poderia  Frater A. prejudica-lo se Frater
A. pertencia  a um  grau muitíssimo  mais baixo daquele de Marcelo
Motta?
Finalizando, é  nosso dever  alertar  aos  menos  esclarecidos  da
existência de  dois tipos  de Abismo. E é muito fácil confundir-se
um com o outro.
O que vocês pensam ser o Véu de Paroketh?
Existe  uma   "passagem"  entre  as  quatro  Sephiroth  inferiores
(Malkuth, Hod,  Netzach e  Yesod) chamada "Véu de Paroketh" (O Véu
do  Templo).   Esse  hiato  "separa"  estas  quatro  Sephiroth  de
Tiphareth (Beleza). Este Véu também representa um "Abismo". Só que
em escala  'inferior'. Muitos  iniciados confundiram este "Abismo"
com o ABISMO DE DAATH. Nossa Irmã Helen conta no número desses.

A SOCIEDADE NOVO AEON E A LOJA NUIT


A pós  a separação  de  Marcelo  Motta  e  Euclydes,  este  último
resolveu, juntamente  com sua mulher e os membros que permaneceram
fiéis à  seu lado,  registrar a  SOCIEDADE NOVO  AEON. Em  seguida
dedicaram-se à elaboração de um trabalho de divulgação de Thêlema.
Mas, um trabalho bastante distanciado do sistema hiper ortodoxo do
antigo instrutor.
No contexto deste novo sistema - e consequentemente a O.T.O. - não
se estruturalizou  em uma  hierarquia  opressiva  e  de  poder  do
"macho". Isto seria um retrocesso . E aqueles que, de uma forma ou
de outra, procurando apresentar a ordem com uma estrutura de poder
organizado e  obcecado com  o controle  total e absoluto do corpo,
mente e  alma de  seus membros  ( sejam masculinos ou femininos ),
estão conduzindo  a Ordem,  e a si mesmos, para o caminho oposto à
Thêlema. A  O.T.O. nada  tem a  ver com  este monstr  ibido  pelos
líderes da  Loja Nuit,  e nem  com a  não menos thelêmica política
adotada por outros Ramos espalhados pelo mundo. Porque se a O.T.O.
enveredar por  tal caminho  estará francamente retornando ao mesmo
processo que deu origem ao nazismo.
A O.T.O.  é (ou  deveria ser,  em todos  os seus  Ramos) um Centro
Iniciático, no qual a Liberdade de expressão considera-se sagrada,
e sua principal função é despertar nos indivíduos a consciência de
que eles  são divinos.  Thêlema é  afirmação da  Vida, do Amor, da
Terra Mãe e da Liberdade - não da Morte.
Assim, os  esforços do  grupo recém- formado dirigiu-se no sentido
de apresentar uma Ordem dentro dos parâmetros de Liber OZ, mas com
extremo  cuidado  de  não  caír  nos  exageros  daqueles  que  mal
compreendem os ditames alí descritos. Liber Oz é um livro que deve
ser entendido  e compreendido  "iniciaticamente", não profanamente
como o tem sido até hoje.
Num curto  período  apareceram  colaboradores  entusiasmados  pela
alegria de  trabalharem em  prol de  Thêlema, isto  é, em  prol da
Vontade, Liberdade  e Amor - que são as Três Pilastras Sustentando
a Vida.
Agora, estavam apoiados numa organização bem fundamentada e, sob o
ponto de  vista  material,  legalmente  registrada  no  país.  Uma
organização genuinamente  brasileira. O  Lema deste  grupo, somado
àquele emanado  diretamente de Thêlema, era o aparente paradoxo do
Conde Fenix: "A autoridade absoluta do Estado deve ser a função da
liberdade absoluta  de cada vontade individual". Ouçam aqueles que
tiverem ouvidos de ouvir...
Num passo  seguinte contataram  Kenneth Grant  que, afinal,  era o
único membro da O.T.O. conhecido por eles além da Marcelo Motta .
Uma longa  carta foi  escrita ao  inglês  relatando,  com  mínimos
detalhes, as últimas ocorrências no Brasil.
Em 26  de junho  de 1975 (Documento nos arquivos da S.N.Ae) veio a
resposta. A  carta de  Kenneth Grant,  entre outras coisas, trazia
comentários sobre  as acusações de Marcelo Motta em "Equinócio dos
Deuses" - uma cópia lhe fora enviada.
Depois de  um período  relativamente curto  de constante  troca de
correspondência com  a Inglaterra,  acordaram em formalizar um elo
entre a S.N.Ae. e o Supremo Santuário da Gnosis para a Inglaterra.
Na concretização  desta aliança,  Kenneth Grant, enviou Patente de
Membro  Honorário   do  VII   para  Euclydes  Lacerda  de  Almeida
(Documento nos  arquivos da  S.N.Ae) e  publicou em "MEZLA" (Òrgão
Oficial de  Divulgação da  O.T.O. Inglesa)  Vol. I N.11 - 1977 ---
Notificação da  união entre  as  duas  organizações  (Docu  o  nos
arquivos da S.N.Ae).
O grupo  inicial era  constituído por dezoito indivíduos, entre os
quais três  mações  de  grau  elevado  e  dois  membros  do  grupo
anterior, que decidiram ficar com Euclydes.
Ajustados os  pontos necessários,  Kenneth Grant, colocou Euclydes
diretamente sob  a hierarquia  iniciática de  SOROR  TANITH  (J.R.
Ayers), líder  da O.T.O.  Inglesa nos Estados Unidos da América. Ò
com  muito  carinho  e  respeito  que  Euclydes  fala  sobre  esta
Instrutora. Durante  dez anos  seguidos, Euclydes, se correspondeu
com Soro Tanith, absorvendo todo ensino daquela Iniciada.
Em 1987  recebeu Notificação  de que  aquela Instrutora  havia  se
afastado do  Trabalho Externo  da Ordem. Substituiu-a SOROR MAIAT.
Sob a  direção  desta  nova  orientadora,  e  após  suplantar  uma
dificílima e  dolorosa ordália  - sobre  a  qual  não  lhe  agrada
comentar,  atingiu o  IX O.T.O. - muito embora, Marcelo Motta, já
lhe houvera  transmitido o  Segredo central  da Ordem  via ensinos
orais e  "EMBLEMAS E  MANEIRA DE USAR", Liber que constitui um dos
mais importantes mms. da O.T.O. relacionados com o IX Grau.
Ainda em  1987 recebeu  de Kenneth Grant, com aprovação do Supremo
Santuário, permissão  para uso  do Lamen da Ordem. Porém, jamais o
usou em  conexão com a S.N.Ae., para a qual foi elaborado um Lamen
próprio (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Anteriormente,  a   esses  eventos,  recebera  uma  carta  deveras
intrigante e  surpreendente vinda  de Oséas de Almeida, um dos que
ficaram ao  lado de Marcelo Motta durante o cisma. Marcelo e Oséas
haviam iniciado  um núcleo da O.T.O. na Cidade de São Paulo. Oséas
assumira a  cargo de  Mestre de  Loja, supervisionado  por Marcelo
Motta.
Nesta primeira  carta, Oséas  pedia ajuda,  pura  e  simplesmente.
Sondava  a  possibilidade  de  aliar-se  a  Euclydes  em  evidente
confronto à Marcelo Motta (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Euclydes respondeu-lhe não estar interessado. Nada tinha a ver com
o grupo  de São  Paulo.  Não  alimentava  qualquer  sentimento  de
desforra. Entretanto, a união dos dois grupos, isto é, a S.N.Ae. e
a F.A.A.O.T.O. (nome dado à organização de São Paulo) era inviável
por razões  óbvias. Numa  segunda carta,  datada de 24 de julho de
1977,  Oséas  resume  os  desagradáveis  atritos  entre  ele  e  o
Supervisor Geral.  O texto  desta carta será mais eloqüente do que
mil palavras nossas (vide documentação).
Pacientemente,  Euclydes  explicou  a  Oséas,  mais  uma  vez,  da
inviabilidade  desta  união:  nada  tinha  a  ver  com  o  sistema
desenvolvido por  Marcelo Motta na divulgação de Thêlema no Brasil
- um  sistema altamente  questionável, inadequado,  agressivo, com
tend6encias claramente  nazistas -  impossível de  se seguido  por
qualquer pessoa equilibrada. Lamentava muito, mas nada podia fazer
para ajudar Oséas.
Mais tarde,  Euclydes, soube do processo aberto por Marcelo contra
Oséas. Neste processo sobressaía o problema de "direitos autorais"
sobre o  Nome O.T.O.  Depois deste incidente, Euclydes, nunca mais
teve qualquer  contato com  Oséas, ou com qualquer outro membro da
F.A.A.O.T.O. Recentemente  (1997), por  intermédio do  Sr. Antônio
Walter Sena  Júnior (Toninho Buda), soube do falecimento de Oséas.
Muito antes  destas ocorrências  (1976) Marcelo  Motta reunira  em
Ribeirão Preto (S.P.), e à revelia de Oséas, um ro grupo. Com este
novos auxiliares, e afastando Oséas, finalmente fundou uma Loja em
1979, sob  o nome  de Loja  Nuit, a  qual, infelizmente, tornou-se
bastante   conhecida   nos   meios   thelêmicos   pelas   atitudes
intransigentes, agressivas e não educadas de seus componentes.
"A  Loja   Nuit  continua...  A  loja  é  composta  por  viciados,
desocupados, e todo tipo de jovem que na liberdade (em termos) que
lhes dão  saem por  aí, aprontando  tudo.. Só  lamento  que  minha
cidade, ainda  abrigue esta  escória.  O  processo  de  perda  com
McMurtry, e  outros documentos,  o hábil Supervisor levou consigo.
Apagou todas  as pistas.  E aqui e ali, seus discípulos espionam e
perseguem a todos que citarem um dos nomes de um de nós expulsos"
Estas são  as palavras  do Sr.  Marcos Lagamba  (Frater Kephra), o
homem que  ajudou e  financiou a fundação da Loja Nuit em Ribeirão
Preto. (Documento  nos arquivos  da S.N.Ae,  carta datada de 12 de
abril de 1988, dirigida a Euclydes)
Referências identicamente  péssimas  obtivemos  de  várias  outras
pessoas  interessadas   em  Thêlema.   Segundo  estas,  as  cartas
respostas à seus pedidos de maiores detalhes sobre a Loja ou sobre
Thêlema eram  verdadeiros amontoados  de asneiras,  agressividade,
etc. Estas  cartas jamais  vinham assinadas.  Sempre  acusavam  os
solicitantes de  "agentes" da  CIA, FBI,  Vaticano e,  pasmem,  de
Euclydes Lacerda,  como se  este fosse capaz de manter uma agência
de inteligência.
Toda esta  situação causava  bastante tristeza  em  Euclydes.  Seu
antigo  Instrutor   tornara-se  um  homem  sem  qualquer  tipo  de
equilíbrio. Perigoso,  no dizer  de alguns.  Ele tentava  defender
Marcelo, mas  as evidências  eram por  demais claras.  Ao que  lhe
parecia, Marcelo,  caíra sob  domínio de  alguma entidade maligna,
talvez, quem sabe, por Samael (O Falso Acusador), o Qlipha de Hod,
ou por Ogiel (Arbitrariedade) o Qlipha de Chokmah .
Todas as  notícias que  lhe chegavam  a respeito  de seu Instrutor
eram do  mesmo teor.  Este política  incompreensível da  Loja Nuit
afugentava interessados  em  Thêlema  em  geral  e  na  O.T.O.  em
particular, ao invés de atraí-los.
Mais tarde  verificou um fato interessante: sem quaisquer exceções
todos aqueles,  que ligados  à Marcelo, ocuparam o cargo de Mestre
de Loja,  foram execrados  e  expulsos  da  "ordem"  pelos  mesmos
motivos, a  começar por  Frater Kephra,  fundador e financiador da
Loja Nuit.  Frater Saladin,  da mesma  forma, vindo  a  morrer  de
desgosto pouco  tempo depois de sua expulsão. Frater Libra, também
expulso sob  as mais  vis acusações.  E assim  por diante. O mesmo
ocorrendo nos  Estados Unidos da América e na Inglaterra, on aviam
outras Lojas ligadas à Marcelo.
Em 1988  (12 de abril), Euclydes, soube da morte de Marcelo Motta.
A priori  não acreditou  na notícia.  Solicitou informações ao Sr.
Alceu. Este  lhe enviou  cópia xerox do aviso oficial da Sociedade
Ordo Templi  Orientis Internacional.  Surpreendeu-lhe o detalhe de
que o  aviso vinha  dos Estados  Unidos  da  América.  (Box  18318
Washington, D.C. 20036 USA) e era assinado por um tal de Daniel B.
Stone (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Intrigado, pediu ao Sr. Eduardo Lemos (um de seus correspondentes)
que escrevesse  ao tal  "fiduciário". Recebeu  resposta em  05  de
julho de  1988. Escreveu  uma segunda carta. A resposta veio em 08
de  agosto  de  1988.  E  mais  uma  em  1991,  quando  solicitado
informações a  respeito da  Loja  Nuit  no  Brasil  e  a  Fundação
Parzival XI  na Austrália.  Através esta  terceira  missiva  tomou
conhecimento que  os grupos  formados por  Marcelo, tanto  nos USA
quanto no  Brasil haviam  se dividido.  Como podemos ver, as lutas
pelo p continuavam em todos os Ramos da O.T.O.
Porém  devemos   agora  retornar   há  alguns   anos  atrás.  Mais
precisamente 1978.
Neste ano,  Euclydes, foi residir na Cidade de Linhares (Estado do
Espírito Santo),  para acompanhar  a  construção  de  um  terminal
marítimo na  região. Ali permaneceu até 1985, retornando ao Rio de
janeiro.  Esta  fase  comporta  fatos  muito  importantes,  porque
durante  ela  afastou-se  de  qualquer  atividade  na  S.N.Ae.  Os
componentes  do  grupo  inicial  tomaram  cada  qual  seu  próprio
caminho, e a S.N.Ae. entrou em fase de dormência.
Foi nesta  época que  Euclydes atingiu o mais importante trance de
suas práticas  mágicas e  místicas no  currículo da  A\A\, com
exceção daquele  ocorrido em  1973. O resultado deste trance foi o
nascimento de dois livros: "MEU VERDADEIRO NOME" e a "DEUSA NEGRA"
(Ed. Bhavani).
De retorno  ao Rio de Janeiro, ainda trabalhou até 1985, quando se
aposentou. Agora  tinha todo  seu tempo disponível para dedicar-se
inteiramente ao  trabalho de divulgação de Thêlema. Só necessitava
reerguer a  S.N.Ae.. O  que foi  feito com  auxílio do  Sr. Carlos
Raposo; o mais dedicado companheiro e irmão de todos os outros.
O tempo  passou. Certo  dia foi  informado  pelo  Sr.  Lassue  que
Marcelo Motta  havia estado  em sua  livraria (Livraria Lassue), e
que parecia, segundo aquele livreiro, estar mal de saúde.
Falando com o Sr. Geraldo dos Santos (Frater Lancelot) a respeito,
este confirmou  a notícia.  Marcelo ao  retornar ao Brasil após os
incidentes nos Estados Unidos da América, adoecera.
Sinceramente preocupado com o estado de saúde de seu ex instrutor,
ele prontificou-se  ir até  Ribeirão Preto  no intuito  de  ajudar
Marcelo  naquilo  que  fosse  necessário.  Geraldo  alertou-o  que
poderia  ser   mal  recebido   pelo  pessoal  da  Loja  Nuit  que,
praticamente, odiavam a Euclydes.
"Isto não importa" - foi sua resposta. "O importante era rever seu
antigo instrutor e ajudá-lo naquela crise."
Em Ribeirão  Preto  foram  recebidos  por  Frater  Libra,  o  qual
informou ser  impossível contatar Marcelo. Ele havia viajado, etc.
Percebendo mentiras  e  desculpas  esfarrapadas  nas  palavras  do
homem, Euclydes,  decidiu tomar  uma atitude  mágica para testar o
nível iniciático do tal Frater Libra.
Ele havia  levado consigo  suas Patentes  do VII  e IX  da  O.T.O.
Inglesa.  E   numa   característica   voz   de   comando   ordenou
peremptoriamente  àquele  Frater  que  tirasse  cópias  xerox  dos
documentos e  as entregasse a Marcelo. O homem que se dizia Mestre
de  Loja  aceitou  o  comando  sem  pestanejar.  Então,  Euclydes,
compreendeu que à sua frente não se encontrava iniciado algum, mas
sim um  escravo. Olhou  significativamente para  Frater Lancelot e
recebendo de volta as Patentes originais dali se retirou, voltando
no prim  ônibus para  o Rio.  Nada tinha  a fazer naquele antro de
pestilência e escravidão.
Continuou  seu   trabalho,  agora   auxiliado  por  vários  outros
interessados. Procedeu algumas iniciações utilizando-se de rituais
por ele  elaborados. Dividiu  responsabilidades com  Frater  B.  e
transmitiu-lhe o Segredo do XIX.
Existe grande  curiosidade em  torno deste  "segredo". Mas  saibam
todos que  ele é  tão simples  como uma  conta de  somar. Custa  a
acreditar, quando  o  descobrimos,  que  seja  assim.  Na  própria
cerimônia da  Missa Católica  está ele contido. Nela está velado o
Mistério que  pouquíssimos conhecem. Mesmo pelos padres. Sequer as
pessoas compreendem  que o  Mistério da Missa, do Real Segredo dos
Antigos e  Aceitos mações, dos Templários, e dos verdadeiros Rosa-
Cruzes, é um e o mesmo. Este Mistério da Missa, dos Templá, e dos
Reais Neo-Cristãos, jaz na Comunhão com Deus cujo Fogo simbólico a
Missa descreve  em seu  drama. As  declarações e explicações que a
Igreja Romana  oferece, no  concernente a  essência do Mistério da
Missa  são   intencionalmente  incorretos,   pois  as  autoridades
eclesiásticas no  Vaticano  sabem  a  real  natureza  dele  e  seu
verdadeiro significado. Os padres de níveis mais baixos, dentro da
hierarquia do  Vaticano,  são  entretanto,  por  razões  oficiais,
deixados completamente  no escuro  com respeito  à esta real natur
eza.  Mas   aquele  quem  tiver  olhos  de  ver,  compreenderão  o
misterioso Segredo  Central da O.T.O. que é, como já dito, o mesmo
dos Mações, dos Rosa-Cruzes e dos Templários.

PRIMEIRA PARTE
O Encontro com Thêlema
Marcelo Ramos Motta


E m 26 de agosto de 1987, morria, na Cidade de Teresópolis, Estado
do Rio de Janeiro, aos 53 anos de idade, Marcelo Ramos Motta, mais
conhecido  como   Frater  Parzival   XI.  Seu  falecimento*1  foi
"festejado" por discípulos, ex-discípulos e inimigos.... cada qual
a sua maneira.
Quem foi  Marcelo Ramos  Motta? Por  que este  homem tornou-se tão
polêmico nos  círculos do  mundo ocultista  em geral  e  do  mundo
thelêmico em  particular? Por que foi tão comentado, odiado, amado
e, acima de tudo, temido?
Tentaremos responder todas estas questões dentro da mais imparcial
visão possível.  Mas fique  prevenido o  leitor de  que nada é tão
difícil como  falar deste  homem, e  muito  menos  dizer  de  suas
consecuções misticas, mágicas e de suas metas..
Marcelo Motta  nasceu em  27 de junho de 1931, na Cidade do Rio de
Janeiro.
Seu interesse pelo ocultismo começou cedo. Aos 11 anos de idade já
estudara os  livros de  Eliphas  Levi,  Papus,  Blavatsky,  Edward
Bulwer-Lynton, Patanjali,  Paracelso e  as obras  de Arnold Krumm-
Heller, por  quem  alimentava  grande  admiração.  Por  isso,  sua
atenção   voltava-se,    constantemente,   para   os   misteriosos
"Rosacruzes", na pesquiza dos quais dedicou-se profundamente.
Mais tarde,  entrou em  contato com os livros de Max Heindel, R.S.
Clymer e,  eventualmente, com  a  organização  chamada  AMORC,  em
relação  a  qual,  diga-se  de  passagem,  desenvolveu  verdadeira
aversão*2.
Acalentava a esperança de ser admitido numa escola iniciática, nos
moldes daquela  descrita por  Arnold Krumm-Heller na novela "ROSA-
CRUZ",  e   por  Bulwer-Lynton,   em  "ZANONI".   Ao  mesmo  tempo
desenvolvia marcante  aversão ao cristianismo católico romano, que
ele definia  como "a  própria personificação da negação da vontade
de viver", pois quando Marcelo Motta vislumbrou o real significado
do cristianismo  romano no  mundo,  o  espírito  do  "anti-cristo"
manifestou-se com surpreendente força no decorrer de toda sua vida
e obra*3. Sua "CARTA A UM MAÇÃO" tornou-se clássica neste sentido
e deveria  ser estudada  por todos iniciantes ao SISTEMA THELËMICO
e, naturalmente, por mações.
Naquela  época,   segundo  suas   palavras,   percebera   que   os
"conhecimentos" contidos nas obras esotéricas (as mais sérias) que
estudara, escondiam algo muito mais profundo do que normalmente se
acredita existir.  E na  procura deste  conhecimento "oculto"  por
detrás do  Ocultismo, transformou-se  num foco de força de vontade
quase sobre-humano.  Dia a  dia, durante  sua  juventude,  Marcelo
Motta, concentrara  toda sua  energia,  inteligência  e  poder  de
meditação na  procura deste conhecimento "Rosacruciano". A procura
o levou aos mais altos graus da Grande Ordem.
Ingressando no  Colégio Militar  do Rio  de Janeiro*4, desenvolveu
seu intelecto,  adquiriu disciplina  e um grande amor pelo Brasil.
Por esta  época revelava  grande interesse pela Astrologia, Taro e
assuntos afins.  Por isto  sendo foco  de muitas  discussões entre
seus colegas  de colégio  e professores.  Suas  discussões  com  o
professor de  Filosofia, M.H.,  foram comentadas  por vários  anos
entre os alunos do C.M.
Uma  miopia   crescente  impediu   seu  ingresso   na  Escola   de
Aeronáutica. Isto  o fez  desistir da  carreira militar, mesmo nas
outras armas,  o que  causou-lhe grande desgosto.*5 Aos treze anos
de idade dedicou-se expontâneamente ao Serviço da Humanidade. Pelo
decorrer de  sua vida  temos que  considerar que o voto foi aceito
pelos Senhores do Karma.
Completando 17 anos de idade, soube, por intermédio de sua mãe, da
existência da  FRA, uma  Ordem de  alto nível maçônico fundada por
Arnold Krumm-Heller.
Iniciou-se na FRA em 19 de agosto de 1948.*6
Após frequentar  a FRA  por algum  tempo, e  rapidamente galgar os
três graus da Ordem, Marcelo, afastou-se dos trabalhos em Loja. Ao
completar 20  anos de  idade,  seus  atritos  familiares  cresciam
assustadoramente*7.  Ele lutava contra a dominação de sua mãe, que
se  opunha   à  sua  vontade  violentamente.  Atingindo  um  ponto
cruciante, resolveu  deixar o  Brasil indo  para a  Europa e de lá
para os  Estados Unidos  da América  (1952) onde  terminaria  seus
estudos da língua inglesa em uma faculdade norte americana.
Nesta viagem  levava  consigo,  a  pedido  do  Comendador  da  FRA
Brasileira, a  missão de  intermediar entre este e PARZIVAL KRUMM-
HELLER (filho  de  Arnold  Krumm-Heller),  substituto  legal  do
falecido Krumm-Heller na FRA.*8
Na Europa  (Portugal), ele, pela primeira vez toma conhecimento de
Thêlema, através  o livro 'THE GREAT BEAST", uma parcial biografia
de Aleister  Crowley escrita  por J.Symonds. Lembra-se, então, que
no Primeiro  Grau da FRA o "Faze o que tu queres há de ser tudo da
Lei" fazia  parte do  Ritual de  Iniciação. Isto  muito o intriga,
pois na  FRA jamais  ouvira falar  de Crowley  ou mesmo  do Mestre
THERION. Mas  ao mesmo  tempo, ao  ler o  livro, desperta  dúvidas
quanto as  condições iniciáticas  de Crowley que, à primeir vista,
lhe parecera ser um satanista da pior espécie.
Encontrando-se com  Parzival Krumm-Heller,  seguindo sua missão de
Embaixador da  FRA Brasileira,  indaga sobre  o  tal  de  Aleister
Crowley. Parzival,  mui gentilmente,  lhe fornece os necessários e
básicos  conhecimentos   a  respeito   do   assunto,   modificando
inteiramente o  pensamento prioriístico  e  apressado  de  Marcelo
Motta sobre Crowley. Foi nesta ocasião que Parzival lhe mostra uma
carta da  "Cabeça Externa  da O.T.O.",  dirigida a  Arnold  Krumm-
Heller, avisando-o  que Clymer, a quem o Dr. Arnold Krumm-Heller
esta a  se ligando na época da carta, era instrumento de forças as
mais sinistras.  Naquele tempo,  Marcelo Motta, sequer sabia o que
significava O.T.O..
Para melhor entendimento do leitor quanto ao assunto, abrimos aqui
um parêntesis, para rápida explicação:
( Segundo  a versão  do líder  da FRA  Brasileira,  o Dr. Krumm-
Heller, antes  de morrer,  tentara unir  a  FRA  e  a  ROSICRUCIAN
FRATERNITY IN  AMERICA"*9, cujo líder era o então R.S.Clymer. Mas
a primeira  providência de  Parzival Krumm-Heller,  ao  assumir  a
liderança da  FRA, foi ordenar o desligamento de sua Ordem daquela
de Clymer.  E uma carta neste sentido fora enviada ao Líder da FRA
Brasileira. Este,  considerou a  carta  de  Parzival  Krumm-Heller
demasiada autoritária e peremptória. Com isto ficou estabelecido o
rompimento entre  Parzival Krumm-Heller  e o  Comendador da FRA no
Brasil.)
Agora que  observamos os  fatos "de  longe", vemos como "a mão do
destino", ou  aquela dos "Mestres Secretos", tecem as vias levando
o Estudante  ao encontro  de suas  reais aspirações.  Não fosse  a
solicitação do líder da FRA Brasileira, Marcelo Motta jamais teria
contatado o Sistema Thelêmico. Pelo menos na época.
Parsival Krumm-Heller,  após ouvir  a  mensagem  que  Marcelo  lhe
trazia do  líder da  FRA no Brasil, deu seu ponto de vista sobre o
assunto:
Segundo ele,  Clymer (o  "pivot"  de  todo  problema)  entrara  em
contato com  Arnold Krumm-Heller  quando este  já  estava  doente,
envelhecido e  desgostoso, abatido  pelas perseguições  políticas,
tanto dos  nazistas quanto,  posteriormente, dos aliados ao fim da
Segunda Guerra Mundial. Foi nesta época que Clymer tentara então o
Dr. Arnold Krumm-Heller com aquela isca eternamente apetitosa para
profanos e  iniciados de  graus mais baixos: a idéia da unificação
de todas  as ordens  iniciáticas sob  uma só  ordem poderosa e em-
fazeja. Infelizmente,  Arnold Krumm-Heller  caíra no  engodo.  Por
isto, o líder da FRA no Brasil recebera instruções para ligar-se a
Clymer. Nesta época Parzival Krumm-Heller encontrava-se no Egipto,
conduzindo pesquizas pessoais sobre certas fórmulas mágicas.
Não muito  mais tarde,  o próprio Arnoldo Krumm-Heller admitiu que
os propósitos de Clymer não eram os que ele pensara.*10
Foi Parzival  Krumm-Heller quem formou o elo entre Marcelo Motta e
Karl Germer  (Frater  Saturnus),  o  então  O.H.O.  da  O.T.O.,  e
sucessor de Crowley na A\A\*11
Nos Estados  Unidos da  América, contatou Karl Germer, tornando-se
discípulo deste.  Germer viria a falecer em 1962*12, mesmo ano em
que conheci  Marcelo Motta  e tornei-me  discípulo dele. Quando de
seu contato  com Thelêma,  foi-lhe dada  a escolha  de filiar-se à
A\A\ ou à O.T.O. . Marcelo, sem hesitar, escolheu a A\A\
Um de  seus primeiros  atos ao  retornar ao  Brasil  em  1954  foi
solicitar (pessoalmente)  ao líder  da FRA Brasileira que voltasse
às boas  com Parzival Krumm-Heller. Mas o "Comendador" não aceitou
as ponderações  do jovem  iniciado, e  as ordens  vindas do  Líder
Mundial da  FRA foram ignoradas. O resultado desta relutância está
hoje estampado na situação de FRA no Brasil...
Decepcionado, Marcelo  Motta, retorna aos Etados Unidos da America
para terminar  seus estudos  e práticas iniciáticas sob instruções
de Karl Germer.
Voltando definitivamente para o Brasil, Marcelo Motta, providencia
a impressão  de "LIBER ALEPH", um dos mais importantes e profundos
livros de  Crowley. O  esforço pessoal de Marcelo nesta realização
reforçou seus  elos com  a Grande  Ordem nos Planos Internos. Após
isto, publica  "CHAMANDO OS  FILHOS DO SOL", iniciando a Corrente
Thelêmica no Brasil.*13
Desde de  1962 a  1987 (ano em que passou para o próximo estágio),
dedicou inteiramente sua vida à divulgação e ao estabelecimento de
uma linhagem  thelêmica no  Brasil, vinda diretamente de Crowley e
Germer. Eventualmente,  tentou  também  estabelecer  uma  Loja  da
O.T.O. em  terras brasileiras.  Infelizmente, para  todos nós, não
teve sucesso neste último fito - muitos obstáculos se levantaram e
Marcelo, muito  embora tenha  lutado  contra  todos  eles,  acabou
falecendo sem consegui-lo de maneira definitiva. Através m de seus
discípulos, viemos  saber  que  ele  previra  sua  própria  morte,
lamentando-se que  necessitava de  viver ainda  mais uns três anos
para realizar seu intuito.
Como legítimo membro da A\A\, Marcelo Motta (Frater E.) treinou
vários estudantes,  tanto no  Brasil quanto  nos EEUU.  Um tal  de
Frater A. encontrava-se entre estes até o ano de 1975, sendo o que
mais esteve próximo de Marcelo Motta.
Como dito  anteriormente, não  é fácil escrever-se sobre a vida de
Marcelo Motta,  principalmente no  que se  refere à  sua  carreira
iniciática e ao período compreendido entre 1975 a 1987, ano em que
morreu.   Marcelo    Motta   tornava-se,   assustadoramente,   uma
personalidade contraditória e difícil de se conviver.
Porém, uma  crisa é  certa - e ninguém pode contestar - ele passou
toda sua  existência numa  ardorosa luta em direção à Grande Obra;
em  busca   da  mais   perfeita  divulgação   de  Thêlema   e   no
estabelecimento de  uma  ordem,  sociedade  ou  fraternidade  (não
importa o nome) baseada no mais puro senso thelêmico, muito embora
seus inimigos,  e outros  que o  criticam duramente  neste afã,  o
façam por  puro despeito  ou por temor às suas inflamadas palavras
atacando o erro em que estão atolados.
Entretanto, com  o passar  dos anos,  verificamos, pelos  recentes
eventos envolvendo o Ocultismo em geral e Thêlema em particular, o
quanto ele estava certo em seus incisivos pronunciamentos.
Não  estamos   defendendo  Marcelo   Motta  em  seus  momentos  de
desequilíbrio ou  nos paranóicos  arroubos de  sua  personalidade,
talvez já  minada pelo  desgosto  ou  por  alguma  enfermidade  em
desenvolvimento, mas  sim em  seus ensinamentos,  e seus  exemplos
pessoais. E  também em suas reprovações e ataques a uma divulgação
thelêmica  cada   vez  mais  se  afastando  daquela  originalmente
oferecida ao mundo pelo incontestável g6enio de Aleister Crowley e
pela firmeza  de Karl  Germer que,  à  seu  tempo,  recusava-se  a
"iniciar" ovos  membros na  O.T.O., precisamente porque não via as
qualidades  necessárias   para  isto   nops  candidatos   que   se
apresentavam. Como sempre, devemos lembrar, "quantidade não traduz
qualidade" e  nem é sinal de Evolução. Tomemos, outra vez a Igreja
Romana e a Maçonaria Osiriana como exemplos.
Por toda  esta luta,  Marcelo Motta,  se transformou, para muitos,
num símbolo  de integridade thelêmica, de coerência com os ditames
de Liber AL vel Legis e Liber OZ.
Venerado por  muitos, odiado por outros tantos e temido pela quase
maioria, sua figura tornou-se uma lenda aqui no Brasil e em outras
partes do  mundo. Mas  se prestarmos a devida atenção em sua vida,
veremos uma prova de que é possível viver-se Thêlema itegralmente,
defender a  Tradição e  a Autoridade do Sistema, e não se entregar
covardemente  aos   sofismas  e   às  maliciosas   e  sinistras  e
"vantajosas" ofertas da Loja Negra.
Marcelo Motta foi, sem dúvida, um dos maiores baluartes de Thêlema
em nosso  tempo. Quaisquer  que tenham  sido seus  erros, eles não
ofuscam sua  devoção à  Obra. Mas  justamente por  ter ele sido um
Real Iniciado  não podemos,  em sã  consciência, querer  saber  os
verdadeiros  motivos   se  ocultando  por  detrás  de  seus  atos.
Especialmente em relação sua posição na A\A\,  para o  qual  a
compreensão oculta  de uma  Obra como a de Aleister Crowley exigiu
uma consciência  ampla e  integral do  contexto no  qual esta Obra
está inserida.
Evidentemente, devemos manter nosso senso de perspectiva, e evitar
os exageros  aos quais  a personalidade  humana está propensa. Mas
mesmo assim, como poderíamos, nós simples iniciandos de graus mais
baixos, avaliar todo quadro abarcando tão sérias questões.
Não devemos  também  permitir  que  nossas  opiniões  pessoais  ou
sentimentais (amizade,  antipatias, amor  ou ódio)  interfiram  em
nossos julgamentos.
Os escritos  de Marcelo  Motta, ou  mesmos suas  observações,  aos
vários manuscritos  thelêmicos, impressionam  pelo rigor  lógico e
pela solidez que somente um profundo conhecedor do assunto poderia
ter; muito  embora  algumas  de  suas  interpretações  possam  ser
discutiveis. Mas  qual de  nós atingiu grau iniciático tão próximo
daquele de  Marcelo Motta, que nos daria validade nesta discussão.
Nós apenas  vemos o  lado externo  das coisas  e temos pouquíssima
penetração no  lado interno,  e não  observamos  o  quadro  geral.
Portanto, deveríamos  parar de  criticá-lo e  utilizar nosso tempo
para melhorar  nossa visão interna. Isto, em linguagem ocultistas,
quer dizer: "torne-se um Real Iniciado".
Poderíamos dizer  mais, mas não cremos que seja necessário. Aliás,
se fosse necessário dizer mais, seria inútil.
Euclydes Lacerda  de Almeida  foi um  dos três únicos a adquirir o
livro "CHAMANDO  OS FILHOS  DO SOL", retirado de circulação poucos
dias após  sua distribuição  nas livrarias  do Rio  de Janeiro.  O
próprio Marcelo  Motta nos  informa o motivo pelo qual o livro foi
retirado: "...  é  um  livro  que  eu  mesmo  condenei......  como
inadequado, e  minhas avaliações  de hombridade  ali contidas  são
imperfeitas e  tolas" (Vejam  que somente  um homem  com raríssima
auto-crítica  e   grande  senso   de  fidelidade   aos  princípios
thelêmicos faria  uma coisa  destas). Assim  era Marcelo Motta até
1972.
Nunca soubemos  dos outros  dois compradores do livro. Muitos anos
mais tarde,  um volume  foi encontrado  em um  "sebo"  do  Rio  de
Janeiro, e  adquirido por  uma Irmã  da OT.O.  Norte Americana.  O
outro volume jamais apareceu.
Pouco se sabe da infância de Marcelo Motta. Mas podemos dizer que,
nascido  em   família  de  origens  germânicas,  teve  uma  rígida
educação. E esta educação foi aprimorada no Colégio Militar do Rio
de Janeiro.  Foi exatamente  estas características (porte aprumado
de militar,  aparência alemã,  falando Inglês com sotaque alemão -
sua primeira  professora de  Inglês era uma judia alemã, refugiada
no Brasil)  que fizeram  com que a Sra Germer (uma outra israelita
que vira  de perto  os horrores da Alemanha nazista) dese volve-se
grande antipatia  pelo jóvem  estudante de  Germer. Esta antipatia
viria interfirir  nas futuras decisões da Sra. Germer em relação a
Marcelo Motta.
Quando Euclydes  Lacerda de  Almeida conheceu  Marcelo Motta, este
morava em  um pequeno  quarto de  pensão existente  na Tijuca, mas
jamais   emitia   qualquer   tipo   de   lamentação   pelo   fato.
Posteriormente,   quando    conseguiu   emprego,   mudou-se   para
Copacabana, Rua  Santa Clara.  Foi neste  pequeno apartamento  que
Euclydes veio  a conhecer  Claudia Cannuto,  também conhecida como
Soror K.A.
Claudia, anteriormente uma "Estudante" de Marcelo Motta, tornou-se
uma Probacionista  sob a  tutela de  Euclydes,  por  imposição  do
próprio Marcelo  Motta. Mais  ou menos  na  mesma  época  Euclydes
Lacerda recebeu  mais dois Probacionistas vindos de Marcelo Motta:
Paulo Coelho e Raul Seixas.
Nesta época,  Marcelo Motta, mostrava-se um homem gentil, retraído
e  que   pouco  falava   de  sua  vida  privada.  Passava  grandes
dificuldades financeiras advindas da inconstância de se manter por
muito tempo  em qualquer  emprego. Lutava  contra definido tipo de
perseguição causado por suas convicções thelêmicas.
Pela própria  natureza retraída  de Marcelo Motta pouco sabemos de
sua vida  privada. Mas,  em certas  ocasiões ele  deixava  escapar
alguma coisa  e, assim,  nos inteiramos de alguns fatos, mas muito
superficialmente Havia  uma grande  barreira entre Marcelo Motta e
seus parentes  mais próximos  (pai, mãe  e irmã). Após retornar ao
Brasil, Marcelo  Motta, afastou-se  de qualquer  contato  com  sua
família. Talvez  esta barreira  tenha sido erguida em consequência
das idéias  do rapaz.  Durante todo  tempo em  que convivemos, ele
pouquíssimas vezes  tocava no  assunto. Somente  em  "Chamando  Os
Filhos do  Sol" ele  toca em suas relações familiares. Nunca falou
de sua  juventude, suas aventuras amorosas, ou qualquer outro tipo
de relacionam ntos.
Havia  em   Marcelo  um   grande  sentimento  de  responsabilidade
concernente à  sua carreira  iniciática e  a correta divulgação de
Thelema, e  disto não  abria mão  em hipótese alguma. Para ele seu
desenvolvimento iniciático  e a divulgação de Thelema estava acima
de qualquer coisa. Esta atitude intransigente, presumimos, foi aos
poucos  tornando-se  uma  obsessão,  seus  problemas  psicológicos
tornaram-se mais agudos, transformando sua personalidade agressiva
e intolerável.
Talvez esta  personalidade intransigente  tenha sido  motivada por
sua  grande  aproximação  com  Germer  que,  segundo  as  próprias
palavras de  Marcelo Motta,  era um  homem difícil  de se lidar em
qualquer tipo  de relacionamento.  Marcelo Motta  era inteiramente
devotado à Thelema e a seu Mestre, exatamente nesta ordem.
Em seu  definitivo retorno  dos Estados Unidos da América, Marcelo
Motta, iniciou  a divulgação  de Thêlema  no Brasil.  Nesta  época
praticamente ninguém,  nem  mesmo  a  maioria  dos  'ocultistas'
conheciam o  Sistema e,  claro, muito  menos a A\A\, a O.T.O.,
Aleister Crowley e, muito menos ainda, a Ordem de Thelema*14. Sua
primeira medida  neste sentido  foi a  publicação de  "CHAMANDO OS
FILHOS DO  SOL". Mas, como ja disto, este pequeno livro permaneceu
por pouco  tempo nas  livrarias. O  resultado  foi  que  o  Sistem
Thelemico ainda  permaneceu, durante  algum  tempo,  desconhecido.
Ficou restringido a um círculo muito pequeno.
Foi somente  as partir de 1964 que, praticamente, Thelema, cresceu
publicamente. Entretanto,  seu divulgador  - exatamente em virtude
de suas  idéias  libertátrias  -  tornou-se  uma  pessoa  vigiada,
juntamente com aqueles com quem mantinha contato*15.
Marcelo Motta  foi várias  vezes abordado  por agentes  do Serviço
Nacional de  Informação. E Euclydes foi praticamente banido do Rio
de  Janeiro   por  "interesses"   da  companhia   estatal  em  que
trabalhava.
 ------
1 Marcelo  Motta morreu  aos 53 anos de idade, e sua morte ocorreu
   em circunstâncias  um tanto  quanto "misteriosas". Seu atestado
   de óbito  registra, como  causa mortis, enfarto e "doença". Mas
   que doença?  Ali, nada  é dito  a  respeito.  Seu  enterro  foi
   providenciado por  uma mulher  (que julgamos  Ter sido  Claudia
   Canutto), mas  cujo nome  não consta  nos  arquivos  policiais.
   Ninguém mais  compareceu ao sepultamento. Contrariando o desejo
   do falecido, o corpo não foi cremado.
2 Iniciados saberão, evidentemente, as causas desta aversão.
3   Marcelo Motta  repudiava o  cristo católico  romano, mas não O
   CRISTO CÒSMICO.
4 Não  nos lembramos  do período.  Quando nos  mesmos nos tornamos
   alunos daquele  Colégio (1950),  Marcelo já  terminara o  Curso
   Científico.
5 Em  seu tempo  de Colégio  Militar, Marcelo  Motta, fora  orador
   oficial no  Colégio e muito popular entre seus colegas. Todos o
   admiravam  por   sua  franqueza   mesmo  ante  seus  superiores
   hierárquicos.
6 Durante  anos, nosso  biografado tentara  entrar em  contato com
   algum membro  da famosa  "Rosacruz" .  E por  mais paradoxal ou
   irônico que  possa parecer,  veio  de  sua  mãe  (uma  devotada
   católica romana)  o "elo"  entre ele  e a  ordem  que  aspirava
   pertencer. Diz  ele em  "CHAMANDO OS  FILHOS DO  SOL", PAG. 80:
   "Aos dezessete anos de idade, através de minha mãe (ironia para
   o profano  - sabedoria  para o  iniciado), descobri que existia
   uma ordem rosacruz ligada ao Dr. Krumm-Heller.
7 Sua "família" não aceitava seus pensamentos "heréticos".
8 Detalhes desta missão, e como foi realizada, podem ser estudados
   em "CHAMANDO DOS FILHOS DO SOL".
9 A  Rosicrucian Fraternity in America, originalmente uma ordem de
   alto grau  maçônico, foi  fundada, assim  é dito,  por  Paschal
   Beverly Randolph.  Randolph (1815-1875)  era filho  de um  rico
   americano e  uma mulher  negra. E  por isto  teve uma  infancia
   terrivelmente atribulada. Na idade madura, resolveu viajar pelo
   mundo.  Em   Paris,  conheceu   Eliphas  Levi  que  influenciou
   notoriamente os  pensamentos de  Randolph.  Em  1840,  Randolph
   ingressou  na   Hermética  Fraternidade   de  Luxor;  um  grupo
   luterano-rosacruciano que  se opunha fortemente à Teosofia e ao
   Espiritismo. Muito cedo tornou-se um dos dirigentes da Ordem, e
   em 1868  fundou a  Fraternidade de Eulis, baseada fortemente no
   estudo e  prática da  Magia Sexual, que colocou sob fortes véus
   simbólicos. Mesmo  seus associados  pouca penetração  tinham do
   assunto, e  é muito significativo o fato de R.Swinburne Clymer,
   que tornou-se  chefe da  organização, retirar qualquer forma de
   magia sexual  da ordem,  alegando que qualquer forma deste tipo
   de magia  tendia à magia negra. Não será necessário acrescentar
   que a  ordem, a  partir daí,  decaiu  vertiginosamente  de  sua
   posição.
10 O  assunto é  de maior  interêsse aos membros da FRA. O que nos
   interessa é  que  neste,  e  em  vários  outros  encontros  com
   Parzival Krumm-Heller,  Marcelo  Motta,  teve  conhecimento  da
   existência da O.T.O., da A.A., e do Sistema Thelêmico e, claro,
   de Crowley.  Somente agora, ele podia identificar o retrato que
   existia na  FRA e que tanto lhe chamara à atenção, e que vira a
   reprodução no  livro "THE  GREAT BEAST".  Aquele era  o  Mestre
   Therion, líder de todas as Ordens Thelêmicas.
11 Algum  tempo depois  destes acontecimentos,  Parsival deixou  a
   Alemanha com  esposa e filho, desaparecendo completamente, como
   fazem  alguns   iniciados.  Somente   ouvimos   notícias   dele
   recentemente.
12 Germer  morreu em  virtude de um câncer nos testículos. Segundo
   relato da Sra Germer, o sofrimento de seu marido foi horrível.
13 Nesta  época, Marcelo  Motta,  chegou  às  portas  da  completa
   miséria. Gastara  até o  último centavo  na impressão de "Liber
   Aleph" e  "Chamando Os  Flhos  Do  Sol".  Numa  certa  ocasião,
   Marcelo Motta,  pela primeira  vez lamentou-se de sua situação.
   Segundo suas  próprias palavras,  herdara uma  pequena  fortuna
   após a  morte de  sua mãe,  mas grande  parte desta herança lhe
   fora roubada por seus parentes.
14  Ainda   hoje  a   Ordem  de   Thêlema  permanece  inteiramente
   desconhecida  para   muitos  "Thelemitas,  mesmo  para  aqueles
   "iniciados"  nas   outras   Ordens.   A   causa   disto   é   a
   superficialidade de seus "conhecimenos" quanto ao Sistema a que
   pertecem. Com  uma margem  muito pequena de erro, posso afirmar
   só haver  um Iniciado  naquela Ordem  no Brasil,  com exceçã, é
   claro, de Marcelo Motta.
15 Devo  lembrar aos  leitores que  em 1964  o  Brasil  caíu  numa
   ditadura militar,  que sob  o pretexto de combater o Comunismo,
   combateu  e  perseguiu  a  tudo  que  comungava  com  liberdade
   política. E neste tipo de "inquisição política" Thelema não foi
   vista com  bons olhos,  muito embora o Sistema fosse totalmente
   contrário ao Comunismo.

SEGUNDA PARTE
Perguntas e Respostas


1. Onde  nasceu Marcelo  Motta,  onde  morou  em  sua  infância  e
   adolescência?
R. Marcelo  Motta, como  já dito  acima nasceu na Cidade do Rio de
   janeiro. Morou,  durante vários anos no bairro da Tijuca. Sobre
   sua infância e adolescência pouco nos é dado a saber, a não ser
   aquilo comentado pelo prórpio Marcelo Motta., que por sinal era
   muito reticente sobre o assunto.
2. Fala-se  muito da  mãe de Marcelo Motta; porém o que se sabe de
   seu pai?
R. Marcelo pouco falava de sua família. Sabemos que seu pai era um
   homem bastante consciente de suas responsabilidades, enérgico e
   um kardecista  sério. Sua  mãe, como  já dito, era uma católica
   romana convicta,  mas uma maga natural. Marcelo Motta tinha uma
   irmã. Mas  ele pouco  falava dela Não sabemos se tinha irmão ou
   irmãos. Se os tinha, jamais falou dele, ou deles.
3. Quais os tipos de frustações de Marcelo Motta?
R. Talvez,  sua maior  frustação tenha sido não poder se tornar um
   oficial da  Força Aérea Brasileira. Foi impedido de seguir esta
   carreira por  uma miopia  diagnosticada em  sua juventude.  Mas
   esta frustação está ligada diretamente à sua vida profana.
4. Marcelo deixava transparecer algum complexo?
R. Como  dito acima  ele era  possuído por  um grande "Complexo de
   Òdipo", que  talvez tenha  sido o ninho para desenvolvimento de
   outros. Frater Xiva ( A. Xavier ) definiu o problema de Marcelo
   Motta  como   ele  sendo   um  epiléptico  cíclico  acumulativo
   depressivo. Eu  não sei bem o que vem a ser isto, mas parece-me
   que A. Xavier queria dizer que Marcelo Motta ia acumulando seus
   complexos e  revoltas por  um certo  tempo  até  que,  em  dado
   momento, por  qualquer causa  mínima, o  vulcão estourava. Seus
   complexo de  perseguiç ão  pode estar  aí  incluso,  mas  este,
   julgamos, desenvolveu-se  quando Marcelo  Motta foi  perseguido
   nos Estados  Unidos da  América, nos  tempos de faculdade. Hoje
   sabemos  que   a  política  americana  era  bastante  hostil  à
   estrangeiros (principalmente  sul americanos).  Na época em que
   Marcelo  Motta   estudava  e   trabalhava  naquele  país,  esta
   hostilidade tornara-se obsessiva, e o FBI se encarregava de dar
   vazão a  esta hostilidade.  O senhor Hoover, então chefe o FBI,
   um  homosexual   inrustido,  dava   vazão  aos  seus  instintos
   perseguindo judeus,  marxistas, sul  americanos e  negros,  que
   considerava como  estorvos ao  "modo de  vida norte americano".
   Pessoas mais  informadas sabem  muito bem  da veracidade destas
   declarações. Atualmente  vários filmes  relatam de  como  estas
   pessoas eram  perseguidas no  país da "democracia e liberdade".
   No específico  caso de  Marcelo,  houve  uma  'batida"  em  seu
   apartamento e  alí "encontraram"  vestígios de  maconha. Não  é
   preciso dizer  que o  rapaz nem mesmo teve um advogado para sua
   defesa. Foi preso e, posteriormente, mandado embora do país. Se
   pessoas pensam  que isto não pode causar distúrbios na mente de
   um jóvem,  é por que são totalmente ignorantes de como funciona
   a mente  humana ante  tais atos  de violência "magica". O mesmo
   tipo de  perseguição (e  de maneira  bastante pior) sofreu Karl
   Germer, tato  em se  u país,  sob o  jugo  nazista,  quanto  na
   América. Edgar  Hoover era  um doente  atingia o orgasmo quando
   conseguia destruir  a  vida  de  "marxistas".  Qualquer  pessoa
   inteligente pode  se inteirar  do assunto  verificando os fatos
   acontecidos no  negro  período  pelo  qual  passou  a  América,
   chamado de  "Caça  as  Bruxas",  logo  após  a  Segunda  Guerra
   Mundial.
5. Tinha  ele algum  recentimento de  não  ter  sido  iniciado  na
   maçonaria?
R. Até onde eu sei, isto é uma lenda. Marcelo Motta jamais desejou
   ser um  mação osiriano.  "Carta a  Um  Mácão"  constituiu  numa
   alerta aos  mações da  época, não  uma tentativa de influenciar
   mações  a  convida-lo  para  ingresso  na  ordem.  Afinal,  que
   vantagem teria  Marcelo Motta em ser mação? Ainda mais um mação
   osiriano? Pensem nisto.
6. Era  Marcelo Motta  um bom  aluno? Qual  a matéria que mais lhe
   interessava?
R. Não  há como  responder a  questão de  maneira  absoluta.  Tudo
   indicava ter sido um ótimo aluno: falava e escrevia muito bem o
   Português, Inglês e Alemão. Possuía ótima formação científica e
   matemática. Falava  com bastante desenvoltura sobre filosofia e
   literatura, e História, principalmente História Religiosa.
7. Qual o sonho de sucesso do rapaz?
R. Conseguir divulgar Thêlema corretamente e organizar a O.T.O. no
   Brasil.
8. Quando conheceu Cl;audia Canutto?
R. Se  não me  engano, Marcelo Motta conheceu Claudia por volta de
   1973. Na  época ela trabalhava como recepcionista da VARIG (Uma
   cia brasileira de transporte aéreo ) no Aeroporto Internacional
   do Galeão. Claudia era uma bela mulher, e chamava a atenção por
   seus grandes olhos. Euclydes a conheceu no apartamento, situado
   em Caopacabana, em que Marcelo Motta morava na época.
9. Marcelo Motta teve contato pessoal com Germer? Esse contato foi
   puramente de  Mestre para  Discípulo, ou  chegou  a  ter  maior
   afetividade como amigo?
R. Pelas  cartas enviadas  por Germer  a  Marcelo,  e  deste  para
   Germer, podemos  observar que o contato entre os dois foi muito
   além  do   limite  de  discípulo  para  mestre.  Marcelo  motta
   considerava Germer como seu verdadeiro pai. Mas como Germer era
   uma personalidade  bastante forte  e  disciplinadora,  houveram
   vários atritos  entre os  dois. Mas no geral eles eram bastante
   unidos. Aliás  todo real  discípulo virá,  mais  cedo  ou  mais
   tarde, considerar  seu mestre como seu verdadeiro pai. Pois é o
   Mestre que dá nascimento a o novo homem.
10. Como estudante da A\A\ e da O.T.O. como era Marcelo Motta?
   Disciplinado,  ousado,   teimoso,  relaxado?   Qual   era   sua
   característica?
R. Marcelo  Motta era extremamente disciplinado, principalmente no
   que tange à Thelema. Não se pode esquecer ter sido ele um aluno
   do Colégio  Militar. Marcelo  Motta  jamais  iniciopu  qualquer
   refeição sem  dizer alto e claramente os Ditames das Lei. Aliás
   coisa que  muito "thelemita"  jamais fez  em tempo algum. Penso
   até que  muitos têm  vergonha de faze-lo. Bem, cada "thelemita"
   com suas  convicções. Até  mesmo quando Marcelo Motta tomava um
   simples cafézinho  ele anunciava  Vontade. Certa vez, estávamos
   no Cinema  Carioca. Ao  saírmos do cinema o sol já estava quase
   se escondendo  por detrás  das  montanhas  da  Tijuca.  Ele  se
   afastou, e  ficando  próximo  a  uma  das  colunas  do  prédio,
   executou a Saudação correspondente.
11. Marcelo era casado? Se afirmativo, teve filhos?
R. Marcelo  Motta era  casado nos Estados Unidos da América. Deste
   casamento nasceram,  ao que  parece, dois filhos. Separou-se da
   mulher por  motivos que  não nos interessa muito. A respeito do
   assunto, está  escrito em  "Chamando Os Filhos Do Sol": "Minhas
   ordálias eram  cada vez  mais profundas; os Mestres tomaram meu
   Juramento de  Renunciação ao pé da letra. Perdi o amor de minha
   esposa; perdi meus filhos que idolatrava; perdi todas as minhas
   posses materiais,  minha reputação,  e quase que a liberdade de
   meu corpo."
12. Marcelo  Motta manteve contato com Parsival Krumm-Heller até o
   final de sua vida?
Não. Após  ter sido  posto em  contato com  Germer, Marcelo Motta,
   nunca mais teve contato com Parsival.
13. Quando foi que Marcelo Motta formou uma Abadia de Thêlema?
R. Ele  jamais formou  uma Abadia  de Thêlema. Ele foi Iniciado na
   Ordem de  Thelema através  seu Mestre, Frater Saturnus. E este,
   certa vez  o levou  a uma Abadia que na época (segundo Marcelo)
   existia (  não sei  se ainda  existe )  nos Estados  Unidos  da
   América.

TERCEIRA PARTE
Muitos me acusam de eu ser um sonhador.


Eu respondo ser um  realista no  sentido de  que penso  haver  um
Universo à espera de  ser investigado e compreendido; um Universo
no qual, queiramos ou não, estamos inseridos por toda Eternidade.
Frater D.S.
Muito antes de conhecer Marcelo Ramos Motta eu queria me tornar um
Adepto.  Mas   este  sonho   estava  muito  calcado  nos  romances
ocultistas que  havia lido,  tais como  "ADONAI",  "ZANONI",  "UMA
AVENTURA NUMA MANSÃO ROSA-CRUZ", e outros mais. Portanto, um sonho
por demais  calcado no  romance e na fantasia. E por isto muito me
decepcionei com  a minha  Iniciação Maçonica e, posteriormente, no
convívio em  Loja com  meus irmãos  mações, na  maioria totalmente
alienados quanto  à verdadeira  função da  Maçonaria no mundo, não
somente em  referência ao  homem em sociedade, como também à Terra
como um todo.
Ò muito  importante atualmente  que as  pessoas se  dêm  conta  do
perigo que  a humanidade  corre, se  os homens  continuarem  a  se
aprofundar no  buraco em  que se meteram. E os mações pouco se dão
conta disto, pois eles mesmos se regozijam de estarem também neste
buraco. Em  suma, a Maçonaria perdeu-se e afastou-se de suas reais
finalidades.  Infelizmente,   com  raríssimas  exceções,  o  mesmo
acontece com  outras  tantas  Ordens  e  Fraternidades  existentes
atualmente. Pois  em  nome  do  convívio,  da  boa-vontade,  etc.,
estamos n  s contemporizando  com  Correntes  e  "ideais"  criados
exatamente  para  nos  destruir  como  entidades  livres  e  auto-
conscientes.
O estudo e as práticas das doutrinas maçônicas fornece a estrutura
básica -  se bem  compreendidas, é  claro -  para que nós possamos
começar a  nos desvencilhar  das mortais  cadeias erguidas à nossa
volta.  neste   sentido,  livros  e  sérios  tratados  científicos
deveriam ser  publicados pelas  Ordens Maçonicas,  que desta forma
ajudaria o homem na compreensão da verdadeira situação humana.
A mais  urgente medida  seria abrir  os olhos  dos incautos para a
existência daquilo  que denominamos "A grande Feitiçaria", isto é,
um conjunto  de falsos  preceitos, de  falsa História,  de  falsos
ideais tomados, pela maioria, como religião e política.
Foi exatamente  para este  mister que  as Ordens  Máconicas  foram
idealizadas e criados pelos Grandes Mestres.
Não há  dúvida que  o interesse  humano  deveria  ser  dirigido  à
problemas muito  mais sérios do que aqueles explorados pela mídia,
cuja única  finalidade é  de viviar,  cercear e condicionar nossos
pensamentos; ou  melhor dito:  de  impedir  pensarmos.  Vejam  por
exemplo a situação da juventude no mundo.....
Desta  maneira   aqueles  que   realmente  promovem  o  avanço  da
humanidade são  os mais  os mais  perseguidos,  cerceados  em  sua
liberdade, insultados e excomungados pelos donos do poder.
Por isso,  não vejo em Marcelo Ramos Motta somente um intelectual,
um homem  inteligente, uma das mais expressivas figura de Thêlema,
um dos  valores mais  afirmativos de  nosso  Movimento,  mas  vejo
também, com  a mesma admiração, o valor iniciático inatacável, que
dignificou até  a hora de sua morte o Sistema Thelêmico e que hoje
é considerado  pelos reais thelemitas como o maior iniciado jamais
nascido no Brasil.

QUARTA PARTE
INËCIO DA O.T.O. NO BRASIL


Como surgiu  a O.T.O.  no Brasil?  Nós não  colocaríamos  assim  a
questão. Não  foi a O.T.O. que surgiu no Brasil, mas sim o Sistema
Thelêmico. Não  devemos tomar as partes pelo todo. O surgimento da
O.T.O. tornou-se uma conseqüência inevitável.
Em todo  caso, em  1962 "apareceram" as primeiras notícias sobre a
Ordem. Elas vieram com a publicação de "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL"
(Marcelo Ramos Motta - 1962 - Gráfica Lux Ltda - Rio de Janeiro.).
Segundo palavras  do próprio  autor, a publicação deste livro teve
por objetivo  fornecer ao  público notícias  do SISTEMA THEL-MICO,
como  divulgado  por  THERION.  Evidentemente,  no  texto,  haviam
referências à  A.A., O.T.O. e à  ORDEM DE THËLEMA, esta última até
hoje pouco conhecida.
Euclydes Lacerda  de Almeida  FOI UM  DOS  POUCOS  COMPRADORES  DO
LIVRO, interessando-se imensamente pela O.T.O. "CHAMANDO OS FILHOS
DO SOL"  permaneceu pouco tempo nas livrarias. Ao notar um erro no
texto do  mesmo (  este erro encontrava-se no Esquema da -rvore da
Vida  apresentado   no  livro),   Marcelo  Motta,   retirou-o   de
circulação. Segundo  também suas  próprias palavras,  pouquíssimas
pessoas  o   adquiriram.  Certa   vez,  Marcelo   Motta,   afirmou
categoricamente que  estes compradores  foram em  número de cinco.
Euclydes fora  um desses.  Nunca soubemos  dos outros.  Anos  mais
tarde um  volume foi  encontrado em  um "sebo" do Rio de Janeiro e
adquirido por  uma Irmã da Ordem. Os três volumes restantes jamais
apareceram. Hoje o livro é raríssimo.
Euclydes comprou o livro casualmente ao passar por uma livraria do
bairro onde  morava (Tijuca).  Neste  tempo  debatia-se  entre  os
preconceitos crististas,  muito fortes  nos assim  chamados,  anos
dourados, e  os mais salutares impulsos da natureza em um homem em
plena saúde  física e  mental. Compreendemos,  agora, que todos os
eventos da  vida do  jovem o impulsionaram em direção à Thêlema: a
compra de "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL" não fora tão "casual" quanto
julgara. E eventos futuros confirmariam este julgamen .
Inicialmente, como sempre acontece com qualquer um que entra em um
contato inicial  com a  Filosofia Thelêmica,  sentiu-se duplamente
atraído e  repelido pelo  conteúdo do  livro. Dentro  destes  dois
antagônicos sentimentos, escreveu para o endereço aposto na contra
capa do  livro. Assim,  iniciou a  maior aventura  de sua vida e o
indelével contato  com Marcelo  Ramos Motta.  Frater Parzival  XIÒ
O.T.O.
Tendo lido vários livros "esotéricos" surpreendeu-o a maneira pela
qual o  assunto era  colocado pelo  autor M. (pseudônimo usado por
Marcelo Motta).
Pouco  antes   destes  acontecimentos   Euclydes  iniciara-se   na
maçonaria (G.O.B.)  por convite de um amigo. Na época sequer sabia
ser a Maçonaria uma Ordem calcada no Aeon de Osíris. Aliás, sequer
sabia o  significado de  Aeon, fosse  de Osíris  ou de  Hórus. Sua
iniciação foi decepcionante.
Todo ritual realizado inteiramente no plano material. Nada sentira
de especial, mesmo nas iniciações seguintes. No Terceiro Grau, foi
grandemente repelido  pela sinistra  e  lúgubre  Câmara  do  Meio.
Somente muito  mais tarde,  quando m contato com as Forças do Aeon
de  Hórus,   compreendeu  o  motivo  desta  reação.  Evidentemente
esperava algo  parecido com  o  descrito  nos  vários  livros  que
houvera lido,  principalmente em ADONAI, de Jorge Adoun, que tanto
excitar sua  imaginação. Sua  ansiedade cresceu.  Havia um  grande
choque entre  o apregoado  pelos "espiritualistas"  e "ocultistas"
dominados pelo,  assim chamado, "Pecado original", e o seu salutar
impulso sexual  de um  jóvem  de  23  anos.  Suas  questões  ainda
permaneciam martelando  sua cabeça.  Suas r esposta não vieram com
sua "iniciação"  maçônica. Intuitivamente  foi  levado  a  meditar
sobre o  problema. Algo  faltava nos  "ocultistas" (com exceção de
Jorge Adoun)  e nos mações: ou nada sabiam ou escondiam muito. Ao,
eventualmente, ler  um dos  livros de Samael Aum Weor (O CASAMENTO
PERFEITO), percebeu  haver oculto muito mais a respeito de sexo do
que imaginava.  Mas também  não aceitava  as idéias  do  Movimento
Gnóstico Internacional,  inteiramente baseado  no "Caminho  da Via
Seca". Era  muito "morno",  piegas e c heirava a velas numa igreja
abafada. Atingindo  o grau  de  Mestre  Mação  e,  deste,  elevado
sucessivamente ao  Quarto, Nono,  Dezessete e Dezoito, compreendeu
intimamente que  na Maçonaria  não estava seu caminho. Porém, seus
juramentos o  impediram de falar, inquirir ou afastar-se da Ordem.
Havia se  condicionado desde  muito jóvem, ao ingressar no Colégio
Militar, a  respeitar hierarquia  estabelecida. A maçonaria sempre
fora uma  Ordem baseada  em Hierarquia,  diria mesmo ser uma Ordem
para-militar.
Ao ler  "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL" sentiu, imediatamente que tudo
que até  então aprendera sobre o ocultismo não passava de conversa
fiada, engano, deturpações, etc.
Após sua  primeira carta  a Marcelo  Motta, os dois começaram a se
corresponder freqüentemente.  Naquele mesmo  ano (1963)  recebeu a
visita de Motta.
Depois  deste   primeiro  encontro,   Marcelo  Motta,   começou  a
freqüentar assiduamente a casa de Euclydes. Percebia-se que aquele
homem  passava   por  grandes   necessidades  financeiras.  Embora
possuidor de  grande cultura  não  conseguia  emprêgo,  e  os  que
conseguia duravam  pouco tempo.  Havia sempre  uma "desculpa"  dos
empregadores  para   não  mantê-lo   no  trabalho.  Isto  confirma
plenamente as palavras de Marcelo em seus escritos, principalmente
no ensaio  "SERVIÇOS DE  INTELIGËNCIA NÃO  SÃO INTELIGËNTES" ou "A
O.T.O. DESD  A MORTE  DE CROWLEY",  partes I  e II,  publicados em
"MAGICK WITHOUT TEARS UNEXPURGATED COMMENTED".
Certo dia,  Marcelo, perguntou  ao jovem  discípulo a  qual  Ordem
desejava se  filiar: à  O.T.O. ou  à A\A\.  Euclydes imediatamente
escolheu a  O.T.O. (A  Ordem  de  Thêlema  estava  então  fora  de
cogitação, por  motivos conhecidos  a Iniciados da Gnosis). Então,
Marcelo,  entregou-lhe  o  Lamen  da  Ordem  desenhado  em  cores.
Euclydes ficou  espantado. Já  vira aquele  lamen em  algum lugar.
Somente não  se lembrava  onde. Marcelo riu-se da reação do jovem,
mas nada  falou. Dias  depois, Euclydes,  lembrou-se: era  o mesmo
Lamen ado  pela AMORC  no livreto denominado (erradamente) 777 ( A
CATEDRAL DA  ALMA). Admirou-se do fato, e Marcelo confidenciou-lhe
que a  AMORC fora  fundada por  um ex  membro da O.T.O. Em seguida
mostrou-lhe outro  Lamen, muito  conhecido dos  antigos membros da
AMORC, em  que a origem, ou a ligação entre as duas ordens, torna-
se evidente  (documentos nos  arquivos da  S.N.Ae.). Afirmamos que
era  conhecido,  pelos  antigos  membros  porque  recentemente  os
dirigentes  da   AMORC  "acharam  por  bem"  retirar  o  Lamen  de
circulação. Como  os leitores  podem constatar,  o Lamen era muito
conclusivo sobre  as fortes  ligações da  AMORC com  a  O.T.O.  e,
evidentemente, com  Aleister Crowley, fato que os líderes da AMORC
fazem qualquer coisa para esconder.
Em  "Documentos  Rosa-Cruzes"  (pag.  38  -  Primeira  Edição,  em
Português -  1980 )  está a  fotocópia da  Patente do  VIIÒ O.T.O.
concedida à  H.SPENCER LEWIS por THEODOR REUSS. O documento também
contém  uma   declaração  de   amizade  entre   as  duas   ordens,
demonstrando claramente  que os  líderes da  O.T.O. reconheciam  a
AMORC, o  que contradiz  frontalmente as  declarações  de  Marcelo
Motta em "CHAMANDO DOS FILHOS DO SOL" a respeito da Ordem de H. S.
Lewis.
Com o  passar do  tempo,  Marcelo  Motta  e  Euclydes  tornaram-se
íntimos, e  o primeiro  começou a  transmitir  ao  jovem  amigo  o
Conhecimento Thelêmico,  oralmente e  através volumosa  quantidade
mms. Nestes incluía-se "CARTA A UM MAÇÃO" (manuscrito original).
Em inícios de 1964, Marcelo Motta, entregou-lhe a tradução, para o
Português, do  LIVRO DA  LEI com  COMENTËRIOS  DE  METRE  THERION,
informando-lhe da  necessidade de  publica-lo no  Brasil  e,  para
isto, pedia  ajuda do  discípulo. Este manuscrito, contendo várias
correções  feitas   pelo  próprio  Marcelo  faz  parte  do  acervo
particular da  Sociedade Novo  Aeon. Anos  mais tarde, o livro foi
publicado em  Inglês nos EEUU pelo próprio Marcelo Motta, usando a
Editora Samuel Weiser Inc. (New York - Primeira Edição - 22 de set
bro de  1975). Até hoje não conseguimos compreender a resolução de
Marcelo Motta  em editar importante livro em outro país e em outra
língua,  cujas  conseqüências  foram  bastante  funestas  para  os
brasileiros interessados em Thêlema.
Em 1962,  Marcelo Motta,  conseguira, com muito sacrifício (gastou
todas  suas  economias),  imprimir  "LIBER  ALEPH"  (  Printed  by
Composition Gráfica  LUX Ltda-  Rio de  Janeiro. Este livro também
foi publicado em Inglês), dando um exemplar a Euclydes. O exemplar
também faz parte da coleção privada da Sociedade Novo Aeon.

AMADURECIMENTO


Tudo ia  bem quando  em 1964, o Brasil, visivelmente inclinando-se
politicamente para um regime ditatorial de esquerda, acabou caindo
num golpe  militar  de  direita.  Saímos  da  brasa  e  caímos  na
fogueira. Durante  30 anos, o regime dominou o país. Era difícil e
perigoso ser  Thelemita  neste  contexto  político-social.  Muitos
sofreram perseguições  e tortura.  Eles estes encontravam-se Paulo
Coelho, Raul  Seixas e outros tantos. Sendo que o Sr. Paulo Coelho
deixou-se dominar  pela egrégora  católica  romana  sustentando  o
regime de  força. Euclydes, em virtude do movimento militar perdeu
contato  com   Marcelo  Motta,   e  por   motivos  políticos   foi
transferido, pela  indústria em  que trabalhava,  para uma pequena
cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro.
Nesta cidade, longe das estressantes condições de vida das cidades
grandes, começou  a manter  práticas mágicas  e místicas  diárias.
Certo dia,  em meio  a uma  dessas práticas, alcançou sua Primeira
Real Iniciação. Mas esta é uma outra história.
Preocupado com  o destino  de seu  Instrutor, tentou  localizá-lo.
Tudo em  vão. Apelou  ao "astral" . Nada. Quase desistindo e mesmo
julgando-o preso  ou, na  pior das  hipóteses,  morto,  recebeu  a
inesperada visita de um tal Oscar Victor Lessa. Este apresentou-se
como interessado  em Thêlema,  afirmando que  estivera com Marcelo
Motta;  e   que  este   lhe  indicara  Euclydes  como  seu  direto
representante e  que cuidaria  de seu  ingresso na Ordem. Bastante
confuso com  as informações  recebidas deste  indivíduo, Euclydes,
não bia o que fazer. Primeiro: não fora ainda formalmente iniciado
na O.T.O.: segundo: nem sabia por onde começar; terceiro: a O.T.O.
ainda não  estava regulamentada  no Brasil:  quarto: havia perdido
total contato  com seu  Instrutor. Explicou  cuidadosamente  todos
estes fatos  a Oscar  Lessa. O  inesperado visitante imediatamente
prontificou-se a  levar Marcelo Motta até P.S., isto muito alegrou
Euclydes. Sabia  agora que  seu Instrutor  estava vivo,  e  que  o
encontraria novamente.
No fim de semana seguinte, Marcelo e Lessa chegaram à sua casa.
Após dois  dias de  conversas, ficou estabelecido o seguinte entre
os três:
Primeiro: Oscar  e Euclydes  trabalhariam no  sentido de reunir um
mínimo de  onze pessoas  interessadas na  formação de  uma Loja da
O.T.O.:
Segundo:  Este  grupo  inicial  deveria  adquirir  um  local  para
funcionamento da  Loja. Este espaço (casa, sala, etc.) não poderia
ser  alugado.   Deveria  ser   próprio,  e  comprado  em  nome  da
organização.
Terceiro: Todos  os  elementos  iniciais  teriam,  de  direito,  o
Terceiro Grau da O.T.O.
Quarto: deveriam  estruturalizar a  registrar os  Estatutos de uma
Sociedade, cujo  nome seria  votado em  Assembléia  formada  pelos
fundadores.
Quinto: Esta  Sociedade administraria  a Loja  Mãe, e  outras  que
viessem a ser fundadas futuramente em teritório nacional;
Sexto: Iniciar, de imediato, a divulgação da Corrente Thelêmica e,
obviamente da  O.T.O., dentro dos preceitos admitidos por Thêlema;
isto é, obedecendo rigidamente Liber AL vel Legis e Liber OZ.
Ficariam sob responsabilidade de Marcelo Motta os seguintes itens:
Primeiro: Composição  de novos  rituais para  o IÒ,  IIÒ e IIIÒ da
O.T.O., já que os Rituais reformulados por Crowley não tinham mais
valor iniciático por terem sido publicados. .
Segundo: Estabeleceria currículos específicos para cada grau.
Terceiro:  Emitiria,  juntamente  com  Euclydes,  um  Manifesto  à
Sociedade Brasileira;
Quarto: Ocuparia  o cargo  de "Supervisor  Geral. Euclydes seria o
Presidente da Sociedade, com direito a escolher seus auxiliares.
Havia ainda  um  ponto  importante  a  ser  discutido.  Mas  antes
necessitamos fazer uma pausa para explicar um fato curioso.
Por oura  coincidência, ou  por qualquer  outro  fator,  Euclydes,
apenas começara a guardar as cartas de Marcelo a partir de 1964. E
a mais  antiga delas, com a qual iniciou sua coleção, data de 8 de
julho de 1964. E é uma resposta a seu formal pedido de ingresso na
O.T.O.
O mais  importante no documento é que trata da situação de Marcelo
Motta em relação à Ordem.
Ali consta o seguinte:
"Lamentamos Ter de lhe informar que, com a morte em outubro do ano
retrasado de  Frater Saturnus,  Cabeça Externa  da O.T.O.,  o  Rei
Suíço da  Ordem achou-se  no direito  de  se  arrogar  os  títulos
pertencentes ao  Superior falecido,  e o  que  é  pior,  fez  isto
publicamente, distribuindo  matéria neste  teor em várias línguas.
Consequentemente a  Ordem retirou-se  ao silêncio e está em estado
dormente. Continuará  assim  até  que  aquele  membro  recobre  as
faculdades morais,  ou até  que a  dissolução de  seu corpo físico
termine com os efeitos da sua tolice"
E mais à frente:
"Quanto a  mim, não tenho patentes autorizando-me a fazer trabalho
da O.T.O.,  e anunciei  a ordem  em "CHAMANDO  OS FILHOS  DO  SOL"
(livro que  já foi  retirado de  circulação, sua utilidade estando
ultrapassada) somente para servir a meu Superior, Saturnus X.
Em 1962,  de acordo  com a  esposa de  meu falecido  Superior  uma
patente
Foi-me enviada  pelo correio autorizando-me a trabalhar em os três
primeiros graus  da O.T.O..  Esta patente  jamais chegou às minhas
mãos. Nem  sei  quem  a  Subtraiu".  (Documento  nos  arquivos  da
S.N.Ae.)
Somente anos  mais tarde,  relendo as cartas de Marcelo, Euclydes,
percebeu a  verdade. Agora  estava claro.  Sem patente  para poder
iniciar o  trabalho da  O.T.O. no  Brasil e  usar o Nome da Ordem,
Marcelo teria  que fundar  uma organização  sob outro nome, a qual
serviria de fachada.
Mas existem  algumas inverdade  na  carta  de  Marcelo,  as  quais
devemos nos referir:
Primeiro: a  Ordem, pelo  menos alguns  Ramos dela,  como o do Sr.
Kenneth Grant  (Inglaterra) e  o do  Sr. Metzger  (Suíça)  não  se
encontravam em estado dormente;
Segundo: já  havia se  iniciado a  luta pelo  cargo  de  "O.H.O.",
provocada pelo testamento de Karl Germer;
Terceiro:  Sascha   Germer   já   houvera   declinado   em   favor
(inicialmente) de Metzger (mais tarde de Mellinger) como sendo ele
o O.H.O.
Entretanto, ao que parecia, em 10 de dezembro de 1971, o, problema
fora resolvido,  e Marcelo escreveu a Euclydes informando-o o nome
e endereço do Cabeça Externa da ordem:
"O atual  Rei Mundial  (ou  Cabeça  Externa)  da  O.T.O.  chama-se
Kenneth Grant  e seu  endereço é  ****** London  *** England.  Foi
reconhecido por mim como tal" (Documento nos arquivos da S.N.Ae)
A última  parte da informação ("Foi reconhecido por mim como tal")
deixou Euclydes confuso e intrigado. Qual o poder de Marcelo Motta
em reconhecer  ou não  um Rei Mundial da Ordem? Mas, ainda estando
no início  de sua carreira na O.T.O., muito mal informado quanto à
estrutura  hierárquica  da  Ordem,  e  nada  sabendo  da  confusão
estabelecida, esqueceu-se  do  assunto.  Para  ele,  a  informação
indicava que  Marcelo estava  agora em  contato  com  o  O.H.O.  e
devidamente patenteado  para trabalhar  no Brasil. Isto é que inte
ssava no  momento. Porém,  isto também  não era  verdade.  Marcelo
jamais tivera  sólida ligação  com Kenneth Grant. Havia uma grande
desconfiança entre  os dois. E isto seria confirmado anos depois e
de maneira muito decepcionante para Euclydes.
Muito embora,  a princípio,  tivesse parecido fácil reunir os nove
restantes interessados  na fundação  de uma  Sociedade  Thelêmica,
assim não  o foi. Por sugestão de Marcelo elaborou-se um cartão de
apresentação da  O.T.O., contendo o endereço dos três homens em um
dos versos, e Liber OZ no outro. O referido cartão seria entregue,
sem quaisquer  tipos de  discriminação às  pessoas nas ruas. Assim
foi feito;  mas o  retorno foi desprezível. Parecia que ninguém se
interessava. Somente  pingavam cartas  de curiosos e, a uns deles,
revoltados com o último frase do Liber.
Apelou-se então  para um  anuncio da  Ordem  nas  páginas  de  uma
revista  "esotérica"   muito  popular   na  época.  O  efeito  foi
relativamente bom.  De qualquer  maneira conseguiram  contato  com
várias pessoas.  No fim,  estas ficaram  reduzidas a  apenas  nove
realmente interessadas. O restante era composto de curiosos.
Finalmente, em 1974, conseguiram reunir quatorze pessoas realmente
interessadas. Já  era um começo. Houve uma reunião geral realizada
na  casa  de  Euclydes.  Escolheram  um  nome  para  a  Sociedade,
deliberaram cargos  para cada  membro, e  iniciaram  a  compor  os
Estatutos da  Sociedade. Havia  entre eles  um  advogado,  ficando
portanto encarregado dos assuntos legais a serem resolvidos.
Em 09  de novembro  daquele mesmo  ano, Marcelo  Motta, escreve  a
Euclydes tecendo  comentários sobre  a organização da O.T.O., como
deveria funcionar,  sua estrutura,  e sobre  o nome  a ser adotado
pela Sociedade.  Após isto  foi elaborada  uma lista  de nomes,  e
decidiu-se  que   a  Sociedade  chamar-se-ia  SOCIEDADE  NOVO  Ò0N
(Documento nos arquivos da S.N.Ae).
A este tempo, o grupo crescera, destacando-se as seguintes pessoas
que realmente trabalharam no sentido de formar uma Loja.
 Saturnino de Almeida
 Arnaldo Xavier
 Oscar Lessa
 Claudia Canutto
 Raul Seixas
 Paulo Coelho
 Maurício dos Santos
 Therezinha faria
 Pedro de Oliveira
 Antônio A. Delfino
Paulo Coelho  e Raul  Seixas ficaram mais restritos ao trabalho de
divulgação  da  Ordem  no  Rio  de  Janeiro.  Nesta  época,  ambos
solicitaram ingresso na A\A\
Entretanto, não  julguem os  leitores haver,  naquele  tempo,  uma
organização   já   registrada,   estruturalizada   e   funcionando
devidamente. Não!  Aliás a  O.T.O.  jamais  conseguiu  ser  firmar
totalmente no  Brasil, inclusive  nos tempos  atuais. O que existe
são pequenos  grupos, espalhados aqui e alí, e tomando ares de uma
Ordem  realmente  estruturalizada.  Havia,  é  verdade,  um  grupo
envolvido fisicamente ( mas não espiritualmente ). Mas não passava
disto. No  futuro, a famosa LOJA NUIT, por sua vez, esbarraria com
os me os obstáculos que afetaram a Sociedade Novo Aeon. Mas a Loja
Nuit foi a única, até agora, que realmente tem um registro oficial
registrando a  Sigla O.T.O. e o Lamen da Ordem. Infelizmente, para
todos  nós,  aquela  Loja  terminou  por  ser  constituída  de  um
amontoado  de   incapazes,  arruaceiros,  mal-educados,  etc.,  se
dizendo thelemitas  - confundindo  Faze o que tu queres com Faze o
que quiseres.  O triste  destino da  Loja e  da  maioria  de  seus
"Mestres" atesta o dito.
A O.T.O.  no Brasil nunca saiu disto. Nem mesmo nos anos seguintes
o real  fito  da  Ordem  foi  atingido,  como  constataremos  mais
adiante. Por  três ocasiões  seguidas isto  foi tentado, mas nunca
concretizado.
Qual a causa disto?
Ò o  que tentaremos  elucidar  nestas  páginas.  Leitores  poderão
aquilatar  a   existência  de   "forças"  contrárias   ao  Sistema
Thelêmico, seja  no Brasil, seja no mundo. E estas "forças" sempre
são auxiliadas  por aqueles  que se  deixam deslumbrar  pelo poder
temporal.

INËCIO DO FIM


E nquanto  alguns levavam  o trabalho  a sério,  outros ficavam na
festiva, ou confundindo a Liberdade Thelêmica com licenciosidade e
anarquia.
Liberdade tem  que ser  conquistada e não recebida de mão beijada.
Esta é  uma regra  que aconselhamos  que todos aqueles que desejam
ser thelemitas  sigam rigorosamente. Ò necessário Trabalho externo
e interno,  principalmente interno,  para conquista da Liberdade -
da  verdadeira   Liberdade.  Disciplina  é  a  base  do  trabalho.
Hierarquia é  a base  do trabalho.  "Faze o que tu queres" não é o
mesmo que  "Faze o que quiseres". Existe uma diferença fundamental
entre as  duas frases.  Uma aponta  para o  "Alto"  a  outra  para
baixíssimo. Nesta diferença também se encontra a "Chave" da Grande
Ordália a  ser cumprida  por qualquer um que queira ultrapassar os
Umbrais da Real Iniciação. Não será somente porque você participou
de um  ritual executado  no Plano  Físico ( tal como na Maçonaria)
que você  atingirá A  Iniciação. Infelizmente  poucos  compreendem
isto.
O trabalho  que agora colocamos nas mãos dos leitores é o fruto de
muitos  anos   de  disciplina   auto  imposta,  lutas  e  práticas
incessantes. Não  é o trabalho de simples curiosidade ou desejo de
aventuras insólitas  ou emoções  descontroladas e,  muito menos, o
desejo de  se tornar  superior à seus semelhantes. Ò o Trabalho de
30 anos dedicados à Thêlema: de Fidelidade e Irmandade nascidas no
Serviço  à  toda  Humanidade;  não  a  determinados  e  escolhidos
indivíduos. E  neste trabalho não pode haver considerações pesso s
de amizade, parentesco, etc.
Olhando para trás, as recordações trazem um sentimento de alegria.
Nós,  individualmente,   conseguimos  aquilo   que  Nossa  Vontade
determinou. Não  alimentamos qualquer rancor pela incompreensão de
vários "thelemitas" da época e de agora, os quais não souberam, ou
não quiseram,  abraçar a  verdadeira Filosofia  Thelêmica. Ficaram
somente na  "Sala dos Passos Perdidos". E este foi um dos inúmeros
fatores os quais reputamos como causa mestra do desastre da O.T.O.
no Brasil.
De qualquer  forma, crescemos. Na figura de Arnaldo Xavier (Frater
Xiva ),  a organização  nascente, mas  já trazendo  em si  o germe
mortal, teve  o apoio  financeiro e  moral necessário.  Em 1973  a
Sociedade Novo  Aeon possuía  um espaço  excelente para  reuniões.
Neste mesmo  ano Euclydes  Lacerda comprou, com recursos próprios,
uma área  de 740  metros  quadrados  (Documento  nos  arquivos  da
S.N.Ae), onde futuramente erguer-se-ia o Magno Templo da O.T.O. no
Brasil. Agora  somente faltava  o término  e registro  dos Estatut
Externos.
Neste meio  tempo, surgiram  alguns problemas.  O mais sério deles
causado por Oscar Lessa. Este indivíduo, aproveitando-se da boa fé
nele depositada  pelo grupo,  começou  a  larapiar  documentos  da
Ordem. Não  satisfeito com isto, falsificou a assinatura de Frater
Z. e  iniciou a  "dar Patentes"  a indivíduos em várias cidades do
Brasil por  preços módicos.  A tramóia  foi descoberta  por Frater
Xiva que,  por "coincidência",  encontrou uma dessas falsificações
com um correspondente residente em Belo Horizonte. Frat Z., diante
dos fatos,  expulsou Lessa e tentou localizar todas estas Patentes
para anula-las  e explicar  aos seus possuidores o ocorrido. Muito
tempo foi perdido nesta limpeza.
Finalmente,  em  1973,  Frater  Parzival  XI,  patenteou  Euclydes
Lacerda de Almeida para Trabalho nos Três Primeiros Graus da Ordem
(Documento nos  arquivos da  S.N.Ae). A  Patente era fruto de onze
longos anos de trabalho e dedicação à Corrente Thelêmica. Esta foi
a primeira  patente a  ser emitida  no Brasil.  Neste  mesmo  ano,
Euclydes, recebia  nomeação (gravada  a viva voz por Frater E.) ao
Grau de Neófito da A\A\, e a árdua tarefa de receber e treinar
Probacionistas na  Grande Ordem.  Em seguida  recebeu a nom ção de
Grão Mestre  da O.T.O.  para o  Brasil (Documento  nos arquivos da
S.N.Ae). Imediatamente  foram colocadas  sob sua  responsabilidade
hierárquica três Estudantes da Grande Ordem: Claudia Cannuto, Raul
Seixas e Paulo Coelho.
Da primeira  discípula ele  guarda algumas  cartas (Documento  nos
arquivos da  S.N.Ae); do  terceiro, além  de cartas,  o  Juramento
original e uma grande decepção (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Do segundo,  Raul Seixas,  a certeza  de que  foi um thelemita não
muito disciplinado,  mas  um  thelemita.  Raul  Seixas  conseguiu,
mediante sua  arte, fazer  por Thêlema  muito mais  que vários  de
nossos "irmãos"  o conseguiram  em toda  vida deles.  Não  podemos
considerar os "atritos" havidos entre ele e Marcelo Motta o q l já
começara, na  época, a  demonstrar  tendências  esquisofrênicas  e
intratável personalidade.
A bem  da verdade,  devemos acrescentar  que a nomeação ao grau de
Neófito muito  espantou Euclydes. Ele jamais tivera a pretensão de
ingressar na A\A\. Aconteceu que, no clímax de  suas  práticas
ocultas daquele  ano, experimentara  um trance  característico  da
consecução iniciática  do grau, DANDOËLHE  DIREITO ÒQUELE NËVEL.
Para seu  espanto, percebeu tornar-se o mais alto grau da O.T.O. e
da Grande  Ordem no  Brasil depois  de  Marcelo  Motta  e  Claudia
Cannuto. Este  fato foi  reconhecido, anos  depois, pelos  próprio
dirigentes da  O.T.O. McMurtryana  e do Sr. Starr (ex-discípulo de
Frater E.)  que se  diz Preamonstrator  da Grande  Ordem nos EEUU.
(Documento nos  arquivos da  S.N.Ae), fidagais inimigos de Marcelo
Motta e, atualmente, de Euclydes Lacerda.
Incentivado  por   seu  próprio  Instrutor  na  O.T.O.,  Euclydes,
escreveu uma  longa e  detalhada carta  a Kenneth  Grant, o  então
O.H.O.   reconhecido   por   Marcelo   Motta,   relatando-lhe   os
acontecimentos no  Brasil, e  apresentando-se como o Membro Sênior
da O.T.O. e da Grande Ordem no Brasil.
A resposta do inglês o deixou confuso e decepcionado. O O.H.O. não
reconhecera seu  grau na O.T.O., e nem qualquer autoridade emanada
de Marcelo Motta. A carta dizia o seguinte:

"Dear Mr. Almeida:
Do what thou wilt shall be the whole of the Law
Thank you  for your  letter and  enclosure of  April 28.  You have
approched me  at a  rather advanced stage Of your transations with
the O.T.O.  It is  only after  the satisfactory  Fulfilment of the
three primary conditions described in the Enclosure Statement that
candidates are rendered eligible for Membership, and such claim as
you may  have to  membership  Can  only  then  be  considered  and
ratified by  Us.  If  you  wish,  therefore,  to  regularize  your
approched to  these matters  you will  let  me  know  as  soon  as
possible the date on which you commence your Magical Record.
Love is the law, love under will
Yours fraternally,
Kenneth Grant
O.H.O. of O.T.O.

(Documento nos arquivos da S.N.Ae)

Confuso, Euclydes, enviou uma cópia desta carta a seu Instrutor, e
colocou em  dúvida a  autenticidade do  cargo do  inglês ( prestem
atenção  neste   ato  mágico   de  Euclydes.   Embora  tenha  sido
"inconsciente" ele  carrega grandes  significados). Marcelo Motta,
em carta  datada de 19 de maio de 1973, responde às dúvidas de seu
discípulo com uma severa admoestação:
"Quaisquer dúvidas ou reservas que eu tenha quanto às solicitações
de Mr.  Grant não  serão nunca para seus ouvidos... Eu reconheci a
autoridade de Mr. Grant" (Documento nos arquivos da S.N.Ae)
A resposta  de Marcelo  não respondiam  as dúvidas  de seu pupilo.
Pelo contrário.  Euclydes  não  havia  feito  qualquer  menção  as
solicitações contidas  na carta.  Magoado, manteve-se em silêncio.
Mas as  dúvidas  aumentaram.  Agora  também  com  respeito  à  seu
Instrutor. O que estava acontecendo afinal?
Obedecendo instruções  de seu  Instrutor, enviou  outra  carta  ao
inglês.
Em 04 de agosto de 1973, veio a resposta.

"With reference  to your  letter of  July 16,  I can say only that
there has  been some  misunderstanding. I  did not  aske you for a
summary of  your Magical  Record. A  Candidate can  considered for
mambership of  the Order  only after  the successful filfilment of
the requiriments  specified in  the Preminary Statement, a copy of
wich I  enclosed with my letter of May 9. It is entirely up to you
whether or  not you  fulful these  conditions of  membership,  but
cannot be  weived and  nobody can  become officially recognized by
the  Order   until  they   have  been   satisfactorily  fulfilled"

(Documento nos arquivos da S.N.Ae)

Euclydes não  entendia mais  nada. Decepcionado,  e já  com muitas
dúvidas, tanto a respeito de Kenneth Grant quanto a Marcelo Motta,
e já  escaldado pela anterior admoestação, resolveu ficar calado e
esperar pelos acontecimentos futuros.
Como dito:  O inusitado  é produto do inusitado. O que parecia ser
simples a  princípio, tornou-se  o pomo de discórdia entre Marcelo
Motta e Euclydes, e conseqüente dissidência e dissolução do grupo.
Este foi o caso do registro dos Estatutos da Sociedade Novo Aeon.
O ano  é 1975.  Com falta  de dinheiro  em caixa  não  havia  como
registrar os Estatutos. O registro na íntegra custaria muito acima
de nossas  economias. A  única saída,  segundo advogado  do grupo,
seria optar pelo registro (provisório) de um resumo dos estatutos,
que continha  16 páginas  dactilografadas. Marcelo  foi  informado
sobre a  sugestão.  Infelizmente  esta  informação  foi  dada  via
telefone e, portanto, não temos como comprova-la.
Tomado de  injustificada fúria,  o  Supervisor  Geral  da  S.N.Ae.
(ainda não  registrada), desligou o telefone abruptamente. Em 7 de
julho de 1975 enviou uma carta totalmente descabida a Euclydes nos
seguintes termos:
"Já  lhe   mandei  acender   um  fogacho   sob  o  rabo  dos  seus
correspondentes... Entrementes,  quero  saber  se  um  resumo  dos
estatutos foi mandado para o Diário Oficial sem passar previamente
pelas minhas  mãos. Se  assim  foi,  pode  ficar  descançado:  sua
patente está  cassada e nosso contato terminado..." (Documento nos
arquivos da S.N.Ae)
Em 09  de julho  de 1975  (isto é, dois dias após a carta acima, e
sem dar  tempo para qualquer tipo de diálogo entre ele e Euclydes,
emite uma  "carta  circular"  aos  "Diretores  da  S.N.Ae.  (  uma
Sociedade  ainda   não  oficialmente   registrada   e,   portanto,
inexistente) com  as seguintes  inverdades, e  que não explicava o
real motivo de sua decisão:
"Uma das  ordálias centrais  do trabalho  iniciático é  OBEDIËNCIA
HIERËRQUICA, e  o Neófito  tem  que  passar  por  esta  ordália  e
triunfar nela  para chegar  a Zelator. Frater Z. ainda não foi bem
sucedido nesta  ordália, o  que não  é nenhuma  crime; mas ele tem
interpretado mal  sua posição  e sua autoridade e isto, se bem que
não é  crime, pode prejudicar gravemente o Meu Trabalho, visto que
o nomeei meu representante" (os grifos são nossos). (Documento nos
arquivos da S.N.Ae)
Euclydes caiu  das nuvens.  O que  afinal tinha feito de errado? O
que tinha a ver a ordália de uma Ordem Iniciática, tal como a A.A.,
com os Estatutos de uma sociedade profana? Mesmo que ele tivesse
fracassado na ordália, não haveria motivo para isto? E não haveria
uma nova  chance? Como  poderiam estas  suas falhas  (se é  que as
haviam) as  quais, segundo  as  próprias  palavras  do  Supervisor
Geral,  não   eram  crimes,  prejudicar  o  "trabalho"  dele?  Que
trabalho? Por que não falava mais claro? As justificativas da s na
carta revoltou os demais membros.
Euclydes, profundamente  entristecido envia  uma carta  a  Marcelo
Motta contestando  veementemente todos  os termos  da  "circular".
Explica, ou  tenta explicar,  que a  publicação de  um resumo  dos
estatutos fora ventilada apenas como sugestão do advogado e, assim
sendo, nenhum resumo fora elaborado ainda, e muito menos mandado a
ser publicado  em Diário  Oficial . Respondendo estas ponderações,
Marcelo, remete-lhe uma outra carta datada de 15 de julho de 1975,
onde destaca-se o seguinte trecho:
"Sua expulsão  da Sociedade  Novo Aeon  é agora  oficial. Porém, a
A\A\ não  expulsa Aspirantes.  A  ordem  se  limita  a  cortar
contato com eles caso desobedeçam as diretivas que recebem em nome
da Ordem" (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Não seria necessário dizer-se que a carta foi a gota d'água.
Imediatamente, o grupo se desmantelou. Alguns permaneceram ao lado
de Marcelo; outros rebelaram-se contra ele.
Euclydes, devido  ao choque, permaneceu sem saber o que fazer... e
adoeceu.
Mas, façamos  uma rápida análise do conteúdo das cartas de Marcelo
Motta. Esta  análise torna-se  necessária  para  leitores  sem  os
devidos  conhecimentos   referentes  à   certas   particularidades
iniciáticas.
Primeiro: Marcelo Motta refere-se a uma ordália (prova iniciática)
pertencente a  A\A\ que  nada tem  a ver com a O.T.O. e, muito
menos, com a Sociedade novo Aeon. Segundo: Dirige-se à Frater Z. e
não a  Frater T., que era, na época, Neófito da Grande Ordem. Como
a ordália  refere-se à A\A\ nem de longe Frater Z. poderia ser
acusado de não vencer tal ordália, se é que ela existia.
Na Segunda  carta: Primeiro:  Esta dirigida  a Frater  T. Segundo:
Como acima  dito Frater  T. era membro da A\A\ e, logicamente,
jamais poderia  ser expulso  da Sociedade  Novo Aeon, simplesmente
por que  não pertencia  àquela Sociedade.  Terceiro:  Ò  dito  que
Frater T. fracassara na Ordália do Zelador. Como poderia ser isto?
Somente um  Zelador pode  ser submetido  a ordália  do grau. Não o
Neófito. Isto  nos leva  à conclusão  de que  Euclydes, ou melhor,
Frater T.,  já houvera  atingido o  Grau  de  Zelador,  e  não  do
Neófito, como  afirmado por Marcelo. Quarto: Mais à frente Marcelo
diz que  Euclydes está  banido da  O.T.O. por  cinco anos. Mas que
O.T.O.? A de Kenneth Grant? De Metzger? Qual?
Lembrem-se os  leitores que  nem a  S.N.Ae tinha  sido registrada,
quanto mais  a O.T.O.  Além disso,  como poderia  ele se banido da
Ordem  sem  o  conhecimento  de  Kenneth  Grant,  a  quem  Marcelo
considerava o O.H.O. e, portanto, o único com poder para expulsar,
nomear, banir, suspender, etc.?
O conteúdo  dessas duas cartas e de outras manifestações, escritas
ou não,  de Marcelo  Motta, as  quais agora publicamos, demonstram
claramente  o  início  da  instabilidade  mental  começando  a  se
manifestar nele.
Após estes acontecimentos, Marcelo Motta, e Euclydes nunca mais se
encontraram.

Euclydes Lacerda de Almeida


Nota: Euclydes Lacerda de Almeida faleceu no dia 24 de junho de 2010.

Emails from de Almeida




Traduções portuguesas

Peter-R. Koenig: Introdução à Ordo Templi Orientis.
P.R. Koenig: Os Espermo-Gnósticos e a Ordo Templi Orientis.
P.R. Koenig: Criação Extática de Cultura.
P.R. Koenig: A Aura do Fenômeno O.T.O.
P.R. Koenig: O Ambiente do Reich dos Templários — Os Escravos Servirão.
P.R. Koenig: Fetiche, Auto-Indução, Estigma e Rôleplay.
P.R. Koenig: Versão Jogo de uma O.T.O.–Fatamorgana.
P.R. Koenig: Carl Kellner Jamais um membro de qualquer O.T.O.
P.R. Koenig: Theodor Reuss: Avô da Sociedade Antroposófica?
Theodor Reuss: Programa De Construção E Princípios Orientados Dos Neocristãos Gnósticos O.T.O. 1920.
T. Reuss: I° Grau.
P.R. Koenig: Carl Willian Hansen – Dinamarca.
P.R. Koenig: The History of the O.T.O. in America.

Documents on Oscar R. Schag in the context of Jane Wolfe, Marcelo Ramos Motta, Karl Germer, Hermann Joseph Metzger.

Marcelo Ramos Motta: Ritual de Iniciação do Grau I O.T.O.
Marcelo R. Motta: Carta A Um Maçon.
  • Marcelo R. Motta: Lettre à un maçon brãsilien.
  • Marcelo R. Motta: Letter to a Brazilian Mason UNEXPURGATED.
  • Bibliographic Note and Addendum to "Letter to a Brazilian Mason by Marcelo Ramos Motta".
    Marcelo Ramos Motta to Karl Germer, July 2, 1954.
    Marcelo Ramos Motta about Paulo Coelho and others.
    Marcelo Ramos Motta: The Development of a Secret Society in America in the Years 1957-2000.

    P.R. Koenig: O Conquistador do Graal.
    P.R. Koenig: Uma O.T.O. no Brasil.
    Euclydes Lacerda de Almeida - Marcelo Ramos Motta - Kenneth Grant: Documentos 1966-1997.
    Marcelo Motta palavras com Euclydes Lacerda de Almeida, 18 de dezembro de 1973.
  • Translation of Marcelo Motta's tape to Euclydes Lacerda, dated 1973.
  • Euclydes Lacerda de Almeida: Marcelo Ramos Motta — Um Enigma.
    Claudia Canuto de Menezes: Conheci Marcelo Ramos Motta nos idos anos 70.
  • Claudia Canuto de Menezes: I met Marcelo Ramos Motta in the 70’s.
  • Euclydes Lacerda de Almeida: Emails to P.R. Koenig.
    Marcelo A.C. Santos: A Verdadeira História do "Califado" no Brasil.

    Kenneth Grant/Eugen Grosche: Manifesto da Ordem Interna "O.T.O." Orientis Britânia 1955.
    P.R. Koenig: Kenneth Grant e a O.T.O. Tifoniana.
    P.R. Koenig: Plano 93 do Espaço Exterior.
    Michael Staley: O.T.O. Tifoniana — Uma Breve História.
    Kenneth Grant: Concernente ao Culto de Lam.
    Michael Staley: Lam: O Portal.
    Michael Staley: Um Instrumento de Sucessão.
    Michael Staley: Ã Um Vento Ruim que Sopra ...
    Michael Staley: Lam Workshop.
    Simon Hinton: Sua totalidade na Mente.

    Fernando Liguori: Influência Tifoniana.
    Fernando Liguori: A Influência Tifoniana na O.T.O. Brasileira.
    Fernando Liguori: A Tradição Tifoniana.
    Fernando Liguori: Ritual da Estrela Nu-Isis.

    P.R. Koenig: In Nomine Demiurgi Saturni.
    P.R. Koenig: Saturno-Gnose: A Arte de Amar e Viver.
    Fraternitas Saturni: A apresentação solene do Anel de Loja.
    Walter Jantschik: Magia Sexual Licantrópica.
    Walter Jantschik: A Animação do GOTOS.
    Walter Jantschik: A Ordo Baphometis. Uma ordem mágica hermãtico-gnóstica.


    Michael Staley, 2003: "Não existe 'Typhonian O.T.O.' Brasileira; nem nada semelhante a isto. Ninguãm está autorizado a representá-la em nosso nome, ninguãm tem nossa benção. Todas e quaisquer alegações são fraudulentas."
  • Michael Staley, 2003: "There is no Brazilian 'Typhonian O.T.O.'; nor is there likely to be. No-one is authorised to act on our behalf, no-one has our blessing. All such claims are fraudulent."









  •  






    Fenômeno O.T.O.   página principal    |    página de navegação    |    A Aura do Fenômeno O.T.O.    |    correspondências



    Search Parareligion Website


    What's New on the O.T.O. Phenomenon site?



    Scattered On The Floor
    Browsing Through The Rituals






    Click here to go back to where you came from or use this Java Navigation Bar:

    Content Carl Kellner Spermo-Gnostics The Early Years O.T.O. Rituals Ecclesia Gnostica Catholica Fraternitas Rosicruciana Antiqua Fraternitas Saturni Typhonian O.T.O. 'Caliphate' Pictures RealAudio and MP3 David Bowie Self Portrait Books on O.T.O. Deutsche Beiträge Charles Manson Illuminati